A voz da mãe dele ecoava, cortante como lâmina:
— Você é igual ao seu pai... vai destruir qualquer mulher que te amar.
Ele fechou os olhos, tentando afastar a lembrança. Mas era impossível.
Ele lembrava do pai gritando com a mãe por ela ter engordado depois da gravidez.
Lembrava dela chorando no espelho, tentando esconder as marcas de cansaço.
Lembrava dela dizendo que o amor machucava, que amar era sinônimo de sofrimento.
Lembrava dela se cortando, depois das brigas. e de uns tempos pra cá vem lembrando do pai e isso não é bom.
E agora, Cecília estava ali, frágil e quebrada, e tudo dentro dele gritava que ele era a faca. Que ele era o corte que ia acabar de destruí-la.
— Eu... eu não devia estar aqui — ele murmurou, soltando a mão dela como se queimasse.
Cecília franziu a testa, confusa.
— O que você tá falando? — ela sussurrou, a voz embargada.
Ele se levantou num rompante, andando pelo quarto como um animal enjaulado. Passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, o peito s