Fellipo tragou o cigarro com força, sentindo a fumaça rasgar a garganta, mas a dor física era nada comparada à tempestade dentro dele. As palavras de Seu Pietro martelavam em sua cabeça: "Espero que ela encontre alguém que a ame de verdade... que cuide dela quando eu não estiver mais aqui."
Ele já cuidava. Sempre cuidou. Mas escondido, nas sombras, como se o amor que sentia fosse algo sujo, indigno , pecaminoso.
Ele jogou a bituca longe, esfregando o rosto com as mãos. O céu começava a clarear, tingido de tons alaranjados. Nem percebeu que ficou a noite inteira ali, parado no jardim da mansão, com os pensamentos dilacerando cada pedaço dele.
Quando voltou para o carro, tirou o celular do bolso e assistiu ao vídeo de Seu Pietro outra vez. E outra. E outra. Até o peito doer tanto que ele quase vomitou.
Sem pensar muito, mandou a gravação para Fernando, junto com uma mensagem curta:
"Se eu morrer antes de consertar a merda que fiz, entrega isso pra Cecília. SÓ MANDA SE ACONTECER ALGUMA CO