O calabouço estava mais frio naquela noite.
Mais úmido.
Mais degradante.
Como se as pedras tivessem absorvido toda a maldade de Atlas e agora a devolvessem em ondas, junto ao cheiro de sangue velho e prata queimando a pele.
Renee estava jogada no chão, a respiração curta, o corpo curvado sobre si mesma. O sangue escorria pela boca, gotejava em silêncio no piso de pedra. As correntes puxavam seus pulsos cada vez que ela tremia.
Ela não queria chorar, não queria dar a ele esse prazer, mas as lágrimas caíam assim mesmo, silenciosas, quentes, salgadas, um fio teimoso manchando a sujeira que cobria suas bochechas.
Atlas estava diante dela.
Respirava como um animal ferido, suava, pálido, com as veias escuras subindo pelo pescoço como raízes de podridão, cada vez maiores.
A cada golpe que ele dava nela, o corpo dele reagia, devolvendo a mesma dor, a mesma queimadura, a mesma agonia.
Mas ele continuava.
Porque a dor era preferível à verdade.
Ele havia sido enganado.
Man