Camilla atravessou a fronteira da alcateia antes do amanhecer, envolta por sua capa escura que mal conseguia esconder o tremor das mãos. O rosto coberto pela sombra do capuz, os olhos fundos, carregados pelo medo e pela febre constante que a consumia por dentro. Caminhava curvada, como se o próprio corpo tivesse esquecido como se manter ereto, a dor a impedia de ter a mesma postura de sempre e a mesma elegância.
Desviou dos patrulheiros e farejou o vento como um animal em alerta, nenhum sinal de outros lobos. O alívio que sentiu foi breve, substituído pela dor latejante em seu ombro e pescoço, a ferida havia piorado. O tecido em volta da mordida escurecera, a pele estava quente, e um odor de podridão se espalhava por debaixo da capa.
Quando chegou a uma clareira silenciosa, longe o suficiente para não ser ouvida ou sentida, Camilla tirou a capa e se permitiu cair de joelhos por um momento. O chão frio e úmido da floresta pareceu sugar sua energia, mas ela não hesitou. Cerrando os olho