Um romance de época sobre um casamento arranjado. Retratado pela história do engenheiro agrônomo, Raul Trajando, oriundo de uma família desprovida e Felícia, uma mocinha esnobe que paga seus pecados ao se casar com um homem pobre. Raul era apaixonado pela jovem Felícia, uma moça encantadora, cobiçada por todos os rapazes da pequena cidade de Santa Rita. O desejo pela jovem era tão intenso que ele se atreveu a pedir sua mão em casamento ao pai dela, que negou incondicionalmente. Dias depois, o Sr. Molina muda de ideia e acata o pedido. Nos primeiros meses do casamento, Felícia percebe estar apaixonada pelo homem que tanto desprezou. A trama se intensifica quando Raul é premiado como herdeiro de um império, ele era o filho bastardo do Barão de Gran Sierra, no entanto, vê seu casamento arruinar ao descobrir que Felícia já sabia dessa informação antes de se casar. Um enredo envolvente, cheio de paixão, reviravoltas, segredos, vingança e resignação.
Ler maisEra um dia festivo na Fazenda Bela Vista. Felícia, a filha caçula do fazendeiro Dante Molina, estava completando dezoito anos. A família e alguns amigos da jovem comemoravam com uma festa simples, mas com bastante música, comida e alegria.
“Amiga, você está linda!” Elogiou Sarah, melhor amiga de Felícia. Desde a infância as duas compartilhavam os melhores momentos da vida juntas. Elas tinham a mesma idade, estudavam na mesma escola desde o primário e estavam quase terminado o colegial. Conversavam sobre tudo e às vezes Sarah dormia na casa da amiga, elas se consideravam irmãs. “Deixa eu colocar mais base, vai te dar mais brilho... Pronto! Agora só falta arranjar um fazendeiro rico.” “Já falei, não quero namorar com ninguém agora”, respondeu Felícia revirando os olhos. “Tudo bem! Só toma cuidado para não ficar donzela.” “Prefiro ficar donzela do que casar com esses homens daqui de Santa Rita.” “Agora vamos descer? Todos estão esperando para os parabéns.” [...] Felícia Molina era uma jovem encantadora que acabara de fazer dezoito anos, cobiçada por todos os rapazes da cidade de Santa Rita. Seu sonho era estudar moda e design na capital e se tornar uma estilista renomada. Planejava terminar o colegial e partir para a universidade. Era focada, casaria só depois da faculdade. A jovem era extremamente linda, de olhos e cabelos castanhos, traços faciais delicados, de aparência refinada e um corpo modelado. Além de vistosa, era inteligente, aprendeu com a sua avó francesa a falar um francês intermediário, dominava a matemática e adorava filosofia. Todos os rapazes de Santa Rita admiravam sua postura graciosa e estilosa. Sua compostura exalava elegância e, ao mesmo tempo, modéstia. A família da jovem Felícia era descendente de franceses, uma família nobre dona de muitas terras, afortunada na agropecuária. O seu pai, Dante Molina, era um fazendeiro conhecido pela criação de vaca leiteira, distribuía leite em toda a região. Era um homem ambicioso e respeitado por todos. [...] No período da tarde, depois das aulas, Felícia se juntava aos seus amigos Sarah e Otávio na biblioteca pública, onde estudavam e prosavam assuntos da idade deles. Otávio era o irmão gêmeo de Sarah, um rapaz culto, sábio e estudante de filosofia. Era um moço de boa aparência com uma prosa diferente, falava igual um poeta! Por isso, Felícia o admirava e gostava de estar perto dele. Ele desejava também ingressar na universidade, no entanto, ajudava seu pai no comércio da família que ficava no centro da cidade de Santa Rita. [...] Durante a semana, Felícia tinha a mesma rotina habitual. Logo cedo, partia para a escola, pedalava cinco quilômetros na sua bicicleta e retornava meio-dia. Numa segunda-feira comum, em um dia tranquilo depois do seu aniversário, ela voltava da escola quando tomou um baita susto ao perceber que o pneu da sua bicicleta estava totalmente esvaziado e, sem alternativa, partiu empurrando a bicicleta até a fazenda no sol quente de meio-dia. Se animou ao ouvir um barulho de ronco de motor vindo em sua direção acreditando que seria seu pai, já que eram poucos os moradores da região que usufruíam de um automóvel. Uma caminhonete branca parou ao seu lado e um homem de chapéu e de boa aparência a abordou educadamente: “Boa tarde, senhorita! Você é a filha do Sr. Molina, estou certo?” “Sim, sou eu mesma!” “Sou o engenheiro Raul Trajano, sempre presto serviço na fazenda da sua família.” Ela respondeu tímida: “Eu sei, as vezes te vejo por lá.” “Está com problema com a sua bicicleta?” “Sim, estourou o pneu.” “Deseja uma carona? Irei passar na sua fazenda.” “Eu aceito, obrigada.” A moça aceitou a carona desconfiada e sem alternativas. Raul conhecia bem aquela jovem, era a filha caçula do fazendeiro Molina. A moça mais cobiçada pelos rapazes de Santa Rita. Ele pegou a bicicleta e a colocou na carroceria da sua caminhonete, abriu a porta do passageiro como um cavalheiro e pediu que ela entrasse. No pouco percurso, ela permanecia em silêncio. Ele a observava de canto, depois puxou assunto: “Você está vindo do colégio?” “Sim.” “Está concluindo o colegial?” “Isso.” “Pretende ingressar na universidade?” “Possivelmente.” A jovem respondia monossilábica, discretamente e sem interesse. O trajeto acabou, o homem estacionou em frente à cancela, desceu e retirou a bicicleta da moça. “Obrigada pela carona!” “Disponha, senhorita, passar bem!” Ela agradeceu, abriu a cancela e se foi, sem dar ousadia para o homem. Raul a espiava partir, admirando a graciosidade da jovem. Externalizava seus pensamentos em um murmúrio: “Oh, mulher bonita da porra!” [...] Raul Trajano era um homem atraente e de boa aparência, tinha cabelos negros e pele clara, era parrudo e de estatura alta. Desde pequeno era esforçado, conseguiu ingressar na universidade logo cedo e sua turma de engenharia agrônoma foi a primeira do país. Era o primeiro filho de uma mãe solteira, Dona Quitéria, uma mulher parda e sofrida. Quando ele fez três anos, Dona Quitéria conseguiu se casar e teve mais duas filhas, Bibiana e Catarina, depois ficou viúva. O engenheiro agrônomo era conhecido na região por seu trabalho inovador de uso de técnicas eficientes na agricultura e na pecuária. Seus pensamentos não saiam da bem-afamada Felícia, filha do fazendeiro Molina. Desde o primeiro dia que a conheceu enquanto trabalhava na fazenda da família dela, vivia alucinado com a imagem da moça na sua cabeça.“Do dia que você veio me buscar aqui e me encontrou dormindo na minha cama de solteira.” “Não somos solteiros. Temos um filho, esqueceu?”“Isso não impede a gente de namorar e realizar nossas fantasias de solteiros. Você vai ou não vai?”Ele soltou um riso, fingindo estar envergonhado. Mordia os lábios com as loucuras da mulher. “Está bem. Mas rapidinho e sem fazer barulho, pra ninguém descobrir e nem acordar o bebê.”Os dois saíram sorrateiramente pelo corredor, com leves passos no piso de madeira. Trancaram-se no antigo quarto de Felícia e realizaram loucuras de amor na cama de solteira dela, do jeito que ela sonhou. Depois de vinte e cinco minutos, retiraram-se em silêncio, nas pontas dos pés novamente.Após alguns dias de festividades na terra natal, a família retornou para a casa na capital no carro novo de Raul.[...]Dois meses depois, chegou o dia da audiência de Raul. Dona Quitéria, uma amiga de longa data que trabalhou na fazenda do Barão e uma prima das filhas do Barão t
“Como você sabe disso? Quem te falou isso?”“A própria Ludmila, eu a encontrei no hospital hoje, aqui em Santa Rita. Ela revelou que te enganou, que nunca dormiu com você. Ela já estava grávida de outro homem quando você passou a noite embriagado na casa dela.”Raul sentia ódio com a revelação da mulher. Ele serrava o punho com um olhar de indignação e raiva.“Ela vai me pagar.” Murmurou entre os dentes serrados.“Sim, ela já está pagando. Com certeza, em pouco tempo estará debaixo da terra.”“Como é que é?” Felícia relatou toda conversa que teve com Ludmila e sua situação atual.“Lamentável! Ela teve o que merecia. Espero que tenha se arrependido de verdade.”Ele olhou firme para ela e continuou a insistir:“Fui um idiota, me perdoe! Agora que você já sabe a verdade, podemos nos entender?”“Raul, você não foi só um idiota, você me magoou demais. Foi muito sofrido o tempo que passei ao seu lado naquela fazenda.”“Eu sinto muito! Já te pedi perdão um milhão de vezes. Por favor, vamos
Depois, revelou com entusiasmo:“Mãe, eu encontrei meu testamento!” Dona Quitéria deu um tremendo suspiro e cruzou os dedos em um gesto de agradecimento. “Que notícia maravilhosa, meu filho! E agora? O que vai acontecer?” “Entreguei o documento para o advogado, agora é só esperar a audiência. Ele me pediu três testemunhas: a senhora e mais duas que participaram do caso.”“Vamos conseguir, meu filho.”Bibiana perguntou:“Você vai passar a noite de Natal com a gente, irmão?”“Prometi a Felícia que iria passar o Natal com a família dela. Agradeço o convite, Bibiana.”Raul almoçou com a família. À tarde, saiu para o centro da cidade. Entrou em uma loja de carros e escolheu um modelo não muito caro. Ficou de retornar para pagar o carro com o dinheiro do médico. Conforme tinha combinado com o médico, ele passou no hospital. O médico estava na recepção, carrancudo e com uma aparência fria, esperando com dois cheques em mãos.Ele se aproximou com compostura e fisionomia intim
Nessa ocasião, Felícia sentia um misto de sentimentos: raiva, tristeza, alívio. Se ela não estivesse tão sensibilizada com a ruína da mulher em sua frente, já teria lhe esbofeteado sem piedade. Ludmila continuava a desabafar:“Ele estava bêbado, não lembraria de nada daquela noite que me deixou em casa. Eu já estava grávida de outro homem e premeditei aquela história só para ele assumir meu filho.”Felícia balançava a cabeça em reprovação ao desabafo da mulher.“Que Deus tenha piedade de você, Ludmila.” “Eu fui pervertida e depravada, estou pagando cruelmente por tudo que fiz. Não quero morrer com esse pecado, preciso que me perdoe para eu partir em paz.”Ludmila soltou uma lágrima genuína e clamou:“Por favor, me perdoe por todo mal que lhe causei.” Felícia suspirou fundo e respondeu:“Eu te perdoo, Ludmila, espero que você encontre a paz.” “Muito obrigada! Espero que você seja feliz com a sua família.”Felícia perdoou a mulher e se foi, sentindo um tremendo alívio na alma por s
Na capital, Raul continuou sua rotina de trabalho, sentindo saudades da mulher e do filho. Era a semana do Natal. Um dia antes de viajar para Santa Rita, ele teve um sonho revelador. Acordou atordoado e disse ofegante: “Lembrei! Eu lembrei onde está o testamento. Vou recuperar minha herança.” O testamento fora registrado em um cartório na capital. Era madrugada e ele não conseguia pregar os olhos depois do sonho. Às sete da manhã, levantou, fez um café e esperou o cartório abrir para recuperar uma cópia do meu testamento, pois ainda estava muito cedo. Às sete e trinta, ele partiu para o cartório cheio de expectativas. Raul chegou ansioso no balcão do cartório e, sem hesitar, explicou a situação para o atendente. Com pouca burocracia, o funcionário adentrou o interior do cartório, voltou com um documento e entregou a Raul. Ele olhou e respirou fundo, com o semblante carregado de emoção. Saiu do local e se dirigiu de imediato ao escritório do advogado. “Que bom que o s
Ela se aproximou enquanto ele lia seu jornal na varanda, sentou em outra poltrona e sem hesitar o parabenizou: “Estou feliz por você pelo emprego!” “Obrigado.”Ele a agradeceu com um leve sorriso e um brilho de esperança nos olhos. Ele sugeriu:“Agora que vou trabalhar, você pode ficar em casa e cuidar do menino.” Ela retrucou respeitosamente: “Eu gosto do meu trabalho, não quero pedir demissão. Meu chefe me autorizou a levar Antônio caso precisasse, pois lá tem berçário.”“Tudo bem, faça o que for melhor para você e nosso filho.”Mesmo não concordando, ele aceitou para agradar a mulher.Depois que Raul começou a trabalhar, Dona Quitéria voltou para Santa Rita para visitar as filhas.Felícia começou a levar o filho para o trabalho, o menino ficava no berçário da própria escola enquanto ela era professora auxiliar de outra turma. Após uma semana trabalhando com o filho, no final do expediente bateu uma tremenda chuva. Felícia permaneceu na escola esperando a chuva passar.Seu chefe
Último capítulo