Rancor Rejeição e Arrependimento
Rancor Rejeição e Arrependimento
Por: Aqua Summers
Capítulo 1 - Essa criança não pode nascer
― McQueeny? Parabéns! Você está grávida de um mês! ―

A empolgação do médico apenas empalideceu o rosto de Deirdre McQueeny, enquanto o sangue fugia de seu rosto, deixando-o lívido:

― Tem certeza? ― Ela perguntou, sem confiar na informação que recebia ― tenho certeza de que o que senti foi apenas dor de estômago. Eu não acho que uma gravidez sequer seria possível. Você pode apenas... checar novamente?

― Você fez sexo, no mês passado? ―

― Sim... ―

― Você usou proteção? Você tomou a pílula do dia seguinte? ―

Deirdre pensou em todas as vezes em que ela e Brendan tinham transado e balançou a cabeça, negativamente.

― Lá vamos nós ― o médico concluiu, com um sorriso ― se você teve relações sexuais sem proteção e não tomou a pílula do dia seguinte, a probabilidade de ter engravidado é alta. Então, por que você acha que é impossível? ―

Deirdre não tinha contra-argumento, então apertou as mãos em frente ao peito, em um gesto nervoso, hesitou e perguntou, timidamente:

― Você pode mudar o resultado do exame, doutor? Coloque que não estou grávida. Por favor, apenas faça isso por mim e eu vou encontrar um jeito de te recompensar! Pagarei generosamente pelo seu trabalho... ―

O médico franziu a testa e interrompeu:

― Vou ter que pará-la por aí. Nosso estabelecimento não infringe a lei e o que você está me pedindo é crime. Agora, se você me der licença, tenho outros pacientes para atender! ―

Os dedos de Deirdre apertavam o exame, com força, enquanto ela saía do hospital, apática. As ruas estavam movimentadas e algo a impedia de atravessá-las, para voltar para casa.

Ela estava apavorada. E se Brendan Brighthall descobrisse? Só de conviver com Deirdre, ele já perdia a paciência com tanta facilidade. Se descobrisse que ela estava grávida, interromperia a gravidez, sem hesitação.

Deirdre tocou seu abdômen, com dedos trêmulos, enquanto olhava para baixo.

Ela realmente queria ficar com a criança. No entanto, Brendan ligou para ela, antes que ela pudesse pensar em um plano. Deirdre hesitou um pouco, mas acabou atendendo o telefone. A voz que reverberou do outro lado era baixa:

― Já fez seus exames? Por que está demorando? Volte aqui, agora! ―

Como sempre, Brendan estava muito impaciente. Se ele tinha exigido seu retorno, ela teria que voltar em menos de meia hora, se prezasse por sua saúde física. Mas, a pressa e dúvida tornaram o caminho mais estressante que o habitual.

Quando Deirdre, finalmente, chegou à sala de estar da mansão, Brendan descia do segundo andar. Ele saía do lugar proibido para ela.

O homem vestia um pijama de seda e a gola aberta expunha um peito perfeitamente esculpido, em toda magnificência. Ele havia arrumado o cabelo em um penteado para trás e seus traços faciais eram inesquecivelmente bonitos. Tinha sido sua perfeição física, uma beleza tão rara que parecia uma benção divina, que havia conquistado o coração de Deirdre, seis anos atrás. Ela havia sido completamente enfeitiçada e, assim que apareceu uma oportunidade, acabou se sujeitando a um relacionamento humilhante. Nos últimos dois anos, vivia como sua esposa, mesmo que não tivessem casados.

Um cigarro estava preso entre os dedos de Brendan e, quando Deirdre se aproximou, a fumaça penetrou em suas narinas. Ao pensar que estava grávida, ela instintivamente prendeu a respiração. Então, ouviu a pergunta que tanto temia:

― Qual o resultado do exame? ―

Deirdre fechou os olhos e desejou que aquela pergunta nunca tivesse sido feita. Entretanto, ela ainda tinha uma vaga esperança de que pudesse enganá-lo:

― Está tudo bem! Não deu nenhuma alteração. ―

― Então, explique sua ânsia de vômito. ―

― Problemas gástricos! ― Deirdre franziu os lábios, determinada a evitar seus olhos negros e insondáveis ― alimentação irregular, sabe? É, algo que me acontece, às vezes... ―

Enquanto Brendan digeria a resposta descabida, o ambiente ficou estranhamente silencioso. Então, o homem lançou um olhar escrutinador sobre ela. Deirdre mordeu o lábio inferior e apertou as mãos, em pânico. Mas, o homem, simplesmente, passou por ela e foi para o sofá, dizendo:

― Quero almoço. Estou com fome. ―

Deirdre ficou perplexa, sem acreditar que sua desculpa esfarrapada tinha funcionado e, então, correu para a cozinha, sentindo-se aliviada. Ela sempre tinha sido boa em cozinhar e suas refeições contribuíram muito para a escassa paz que existia entre os dois, fora de suas reuniões mensais, na mansão da família. Brendan adorava tanto a comida dela que, às vezes, aparecia somente para comer.

Ainda assim, a maior razão pela qual ele aparecia era para vê-la.

A refeição ficou pronta em meia hora. Era uma receita simples, mas Deirdre encheu o prato de Brendan e se sentou em frente ao homem. Então, os dois comeram em silêncio.

Ela nem sempre tinha sido graciosa e elegante, mas Brendan havia martelado todo aquele decoro de classe alta nela, forçando que aprendesse as regras de etiqueta e formas de se portar. Ao longo dos anos, ela tinha sido capaz de aprender tudo, satisfatoriamente bem. Pelo menos, sua postura à mesa não era mais tão chocante para a alta sociedade.

Ainda havia algumas coisas que Deirdre não conseguia replicar. Ela nunca poderia, por exemplo, emanar tanta elegância e classe quanto Brendan. Ninguém poderia se cansar, de vê-lo comer.

Ela se levantou, pronta para lavar a louça, assim que a refeição terminou. Entretanto, quando estendeu a mão, para pegar o prato que ele havia usado, Brendan disse:

― Falei com Steven. Você vai sair com ele, mais tarde. ―

― Steven Young? Seu assistente pessoal? ― Deirdre parou e disse, apressadamente ― Para onde ele vai me levar? Querem que eu visite a família, hoje? Ou é sobre aquela outra visita? Hum, se não for nada urgente, podemos adiar para amanhã? Acabei de fazer um check-up, então esperava poder... ―

― Você vai para o hospital. ―

Ele nem mesmo ergueu os olhos, enquanto continuava falando:

― Eu realmente pensei que você tomaria as pílulas corretamente, Deirdre. Essa criança não pode nascer. ―
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