O restaurante flutuava no alto como uma nave silenciosa. Lá dentro, Narelle inclinava o queixo de leve, recebendo o olhar de Rhaek como uma oferenda. Palavras sobre investimentos e campanhas dançavam entre eles, mas era tudo farsa. A tensão estava nos espaços vazios. No modo como ela sorria sem mostrar os dentes. Na maneira como ele se aproximava demais ao servir o vinho.
Narelle sabia exatamente onde estava cada câmera. Sabia que ele estava vendo.
Kael.
Sentado a três andares abaixo, em uma sacada de vidro fumê, ele observava com os olhos semicerrados. O terno semiaberto no peito, o copo de uísque intacto na mão. Viu a risada de Rhaek, viu o toque na cintura dela. E algo dentro dele se partiu — não de dor, mas de posse ferida.
Quando o jantar acabou, ele se moveu.
[...]
Ela entrou no apartamento reservado aos acionistas sorrindo para si mesma. Tirou os saltos. Soltou os cabelos.
A porta bateu com força atrás dela.
Kael estava ali. Sombra contra sombra, olhando-a como se quisesse que