O cheiro da cidade ainda grudava em Luxor quando ele atravessou os portões da Casa dos Vorns naquela noite. Não era o fedor do lixo ou o ranço dos combustíveis. Era algo mais sutil — um tipo de presença invisível, feita de promessas falsas e vozes demais, vestida em ternos caros e sorrisos bem treinados.
Ele andara entre homens que apertavam mãos como se arrancassem peles. Homens que olhavam para ele com curiosidade educada e receio escondido. Homens que sabiam que estavam diante de algo que não podiam controlar, mas que tentariam, mesmo assim.
A reunião na Silvanex fora longa. O prédio, todo espelhado e frio, parecia ofender tudo o que Luxor era. Ainda assim, ele se sentara à mesa. Discutira números, ouviu relatórios, respondeu perguntas com a contenção de quem esconde as presas, mas jamais o olhar.
— Sua postura é... sóbria — dissera um dos acionistas, um homem de cabelos bem cortados e dedos sem calos.
Luxor apenas assentira.
Ao final, não o aplaudiram. Não sorriram. Mas também não