— Sente-se — disse Freitas, sem tirar os olhos de Irina enquanto ela fechava a porta do gabinete. O anel no dedo dela reluzia naquela sala escura. — Conte-me seus planos.
Irina sentiu o calor de tudo aquilo como se tivesse sido jogada numa fornalha — o corpo ainda doía muito. Por um instante a sala encolheu até restarem só os dois: o uísque na mão dele, a lareira e o som do próprio coração dela martelando no peito.
— Então… se for para todos pagarem pelo que me fizeram, eu aceito. — A voz saiu firme, mas Irina percebeu a tremulação que tentou esconder.
Freitas permaneceu imóvel. O canto da boca desenhou outro daqueles sorrisos cortantes, e ele voltou a sentar-se com calma, como quem examina uma presa que reagiu exatamente como desejado.
Ele estendeu a mão e, com a delicadeza de quem sabe aplicar dor sem quebrar, abriu a palma da mão dela. Irina olhou o gesto com desconfiança. Não teve tempo para recuar.
Freitas pegou um pequeno instrumento de prata de dentro do bolso — algo entre faca