O set de gravação estava iluminado de maneira artificial demais, como se o sol tivesse se multiplicado em refletores que caíam sobre Eloise. A atriz estava em meio às últimas tomadas de um comercial de batom, um daqueles lançamentos luxuosos, com embalagem dourada e promessa de sofisticação imediata. Ela deslizava a cor nos lábios diante da câmera, inclinando o rosto no ângulo exato, com um olhar que sugeria autoconfiança e desejo.
O diretor de publicidade ergueu a mão, satisfeito:
— Corta! Perfeito, Eloise. É isso.
A equipe soltou um breve aplauso, protocolar, mas ainda assim caloroso. Eloise sorriu, aliviada. Gostava do trabalho, mas sabia que comerciais pediam perfeição em detalhes quase imperceptíveis, o que tornava o processo exaustivo. Uma assistente correu até ela, colocando um sobretudo macio sobre seus ombros para cobrir o vestido decotado.
— Obrigada — murmurou, ajeitando a gola e caminhando para fora do estúdio.
O corredor parecia mais silencioso, um respiro depois da inten