cap.4

Cap. 4

— Como eu vou conseguir um valor tão alto? — ela perguntou incrédula, e ele suspirou com ainda mais deboche.

— Não foi você que queria devolver? Ainda estou sendo gentil em considerar. O valor é duzentos mil, mas posso dobrar, se preferir.

Selene tremeu dos pés à cabeça. O vestido curto não escondia nada, e cada movimento a fazia sentir-se ainda mais exposta sob o olhar gélido daquele homem, que parecia devorá-la apenas observando seu decote. Ela apertava os joelhos contra o chão frio, lágrimas descendo sem controle.

— Que merda... eu não tenho nem um por cento disso... — ela balbuciou, escondendo o rosto entre os joelhos.

— Então? Você já pode… — ele parou de falar, analisando-a de cima a baixo. — Nem precisa tirar. Você já está vestida como uma vadia mesmo. Basta virar de costas e se deitar, e resolvemos isso. Mas... não garanto que vai sair daqui hoje. Brinquedinhos caros devem ser bem usados. — Ele se levantou e foi em sua direção, puxando-a pelos ombros com rispidez.

— Não! Não… por favor... — ela balbuciou, recuando e caindo novamente, sem forças para ficar de pé. Ele abaixou o rosto, aproximando-o do dela.

— Ok... — ele suspirou, entediado. — Qual acordo você quer? Se não tem dinheiro?

Ela se posicionou sobre os joelhos, tentando encará-lo nos olhos e ajeitando a alça do vestido.

— Pode me dar um prazo?

— Um prazo? — ele revirou os olhos, pensativo.

— Senhor... é... como eu devo chamá-lo? Afinal... quem é você?

— Por que eu diria meu nome? Mas... como estamos em um processo de acordo, pode me chamar de Adon.

Ela o encarou confusa, como se aquilo não fosse suficiente, mas não tinha a mínima ideia de que falava com um dos principais chefes da máfia e dono de um dos maiores grupos empresariais da cidade — sucessor direto do próprio pai, o Don.

— Ok... senhor Adon, eu... eu quero te pagar o valor que você perdeu por minha virgindade. Eu vou te pagar de volta, mas... eu preciso de um prazo, tipo... um ano? — ela piscou nervosamente.

— Nem ferrando. — ele riu, mas o som durou segundos antes de sua expressão sombria retornar.

Adon inclinou a cabeça em um suspiro pesado, os olhos escuros faiscando sob a penumbra. Ele parecia se divertir com a situação, mas não sorria. Quando muito, o canto dos lábios tremia em algo entre deboche e frieza. A pistola descansava em sua mão, e o modo como o dedo roçava o gatilho era um aviso silencioso — como se estivesse prestes a explodir os miolos de alguém. No caso de Selene, ela temia que fossem os dela, depois que ele a usasse como quisesse.

— Eu não quero que seja assim... não quero que nenhum homem me toque como se eu fosse um objeto sujo! — ela disse abruptamente, arregalando os olhos quando ele estendeu a mão para tocar a alça do vestido. — Eu disse que vou te pagar. Se não pode ser em um ano, me dê outro prazo.

— Eu te disse o valor, e você ainda quer pagar com um prazo de um ano? Eu não vou esperar tanto tempo. — A voz dele ecoou, grave e dura. — Você foi vendida por duzentos mil dólares. Não é qualquer pessoa que tem isso, muito menos você, com essa carinha de cachorrinho abandonado e traído. No máximo, te dou dois a três meses.

Selene engoliu em seco, o coração disparando. Duzentos mil. Era impossível conseguir em tão pouco tempo. Mesmo assim, ela balançou a cabeça, desesperada — era o tempo que ela precisava, nem que fosse para fugir.

— Eu pago. Eu consigo. Juro que consigo.

— Não sei se acredito, mas... estou entediado agora. Você tem três meses para me pagar tudo. O que acha?

Ela confirmou agressivamente com a cabeça.

Ele riu baixo, um som curto e ácido. Aproximou a arma do rosto dela, a poucos centímetros da pele.

— Se me enganar... eu mesmo venho cobrar sua vida. Depois de ferrar com todos os seus buracos.

Ela arfou, sem fôlego, e assentiu em pânico.

— Eu não vou enganar... eu vou pagar.

Adon então pediu o endereço, anotando como quem já traçava o mapa de uma presa. Depois fez um gesto seco com a mão.

— Pode ir.

Selene tentou se levantar, mas as pernas falharam. Tropeçou, caiu de joelhos novamente. Ao se virar para ir embora, a barra curta do vestido subiu com a queda, revelando a calcinha rendada.

O rubor queimou suas bochechas ao sentir o olhar dele sobre ela. Puxou o tecido para baixo às pressas, quase chorando de vergonha. Correu, tropeçando até a porta, tentando recuperar algum resquício de dignidade que já não tinha.

Adon soltou uma gargalhada curta, fria, enquanto seu parceiro se aproximava, após ela atravessar a porta como uma louca.

— Patética... — Adon murmurou, cético.

— Pelo visto você apavorou a garota. Mas eu te conheço. Não está pensando em brincar de gato e rato com ela, certo?

Adon se levantou com um sorriso que não era de humor, mas carregava má intenção.

— Você me deu uma ótima ideia. Por que não brincamos um pouco? — ele sugeriu, sorrindo.

Axel apenas suspirou, sem interesse, mas o seguindo.

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