Cap.96
Em meio àquela bagunça, agora não tinha mais ninguém ao seu redor.
As figuras que a cercavam haviam desaparecido, substituídas por uma névoa de fumaça e escuridão e por uma silhueta que parecia ser sua salvação.
Mãos fortes, porém não brutais como as anteriores, a puxaram do colchão. Ela foi manuseada com uma urgência quase violenta, mas o toque era diferente — tinha um objetivo que não era causar dor. Sentaram-na na beirada do colchão imundo.
— Selene! Selene, olhe para mim!
A voz chegou até ela como se viesse de dentro d’água. Masculina, rouca, carregada de uma tensão que perfurava o torpor.
— Você está bem? Onde eles te machucaram?
Ela piscou lentamente, tentando forçar os olhos a focarem. As luzes vermelhas ainda dançavam, mas uma forma maior e mais sólida começou a se definir diante dela.
Até que finalmente seus olhos o viram — e marejaram de alívio.
Seu rosto estava perto do dela, os traços nítidos mesmo na penumbra.
Seus olhos, sempre tão impenetráveis, estavam escancara