Cap.94
O silêncio dentro do carro era diferente agora. Não era pesado, mas carregado de uma verdade que pairava entre nós e não poderia ser desfeita. Meu “eu te amo” ainda ecoava no ar, e a resposta dele, um beijo doce e uma promessa vaga, era um mel e um veneno que eu decidi engolir de uma só vez.
Adon dirigia com uma calma que eu nunca tinha visto. Sua mão, que antes segurava a minha, agora descansava sobre meu joelho, um toque leve, quase contemplativo. Ele me levou até a porta de casa, mas não saiu do carro.
Seus olhos, na penumbra, estudaram meu rosto.
— Até amanhã, freirinha — ele disse, a voz um pouco rouca.
Eu só consegui acenar, o vestido de seda vermelha fazendo um som suave ao me mover.
O salto era desconfortável, mas eu me sentia flutuando, ainda intoxicada pela noite, pela sensação de que, por algumas horas, eu tinha sido a única mulher no mundo dele.
A realidade começou a se infiltrar assim que a porta do carro se fechou e os faróis desapareceram na esquina.
O vestido, q