Bethany finalmente conseguiu recuperar todos os convites de casamento que havia enviado. Ela estava prestes a ir para casa quando Shane ligou.
A voz dele estava rouca.
— Pegue de volta todos os convites que você enviou. Podemos conversar sobre o casamento depois. Yelena ainda está instável. Eu não quero que ela fique chateada agora.
Shane já tinha pensado no que diria se Bethany recusasse. Ele tentaria deixá-la culpada, como sempre fazia. No entanto, Bethany não mostrou emoção alguma. Ela simplesmente disse:
— Ok.
Shane ficou surpreso. Mesmo pelo telefone, ele conseguia sentir a mudança nela. Ele sabia que Bethany odiava que alguém mexesse nas suas coisas pessoais, mas ele havia ultrapassado esse limite por Yelena. Ele tinha mandado dinheiro pelo vestido para impedi-la de discutir. Esse truque sempre funcionou antes. Desta vez, ela aceitou em silêncio, o que pareceu estranho. Shane passou a língua nos lábios secos e falou sem jeito:
— Eu sei que o comportamento da Yelena te incomoda. Eu prometo que vou fazer ela cooperar com os médicos e melhorar o mais rápido possível.
— Shane, a água já está pronta. É a sua vez de tomar banho! — Yelena gritou no momento mais inoportuno.
Shane abriu a boca para explicar, mas Bethany já tinha desligado. Bethany achou quase risível. O laudo de Yelena dizia claramente que ela tinha transtorno bipolar, mas ela nunca recebeu tratamento real. Sempre que acontecia algo, ela agarrava Shane e exigia que ele ficasse com ela. As promessas de Shane eram vazias. Ele nunca cumpria.
Pensando nisso, Bethany sentiu seu coração esfriar. Ela começou a arrumar suas coisas, tinha poucas roupas, então uma mala era suficiente. Depois de seis anos naquela casa, seus pertences estavam por toda parte. Fotos dela com Shane estavam no criado-mudo. Seu avental rosa pendurado na cozinha. Os copos de escova de dente do casal no banheiro. Ela jogou todas as suas coisas no lixo. Recortou a si mesma das fotos e deixou apenas Shane. Os presentes de Shane, por mais caros que fossem, foram todos descartados. Tudo que podia ser queimado foi para o fogo. O resto, para o lixo. Até a aliança de casamento, símbolo do amor eterno, foi vendida e ela doou o dinheiro.
Sea City estava ficando mais fria. Bethany teve febre alta naquela noite, provavelmente por causa do vento gelado. Viver com Shane em vez de com os pais a ensinou a cuidar de si mesma. Mesmo com a cabeça queimando e tonta, ela chamou uma ambulância.
Bethany não sabia por quanto tempo dormiu. Quando acordou, Shane estava ao lado da cama. Ele parecia preocupado. Yelena não veio. A voz de Shane estava rouca, mas sua preocupação era real.
— Por que você não me disse que estava doente? Eu te liguei, mas você não atendeu. Se o segurança lá embaixo não tivesse me ligado, eu não teria sabido que você estava no hospital. Você estava tentando me assustar?
Bethany sorriu, mas seus olhos estavam frios.
— Pra quê? Você não estava com sua querida irmã Yelena?
Sempre que ela precisava de Shane, ele nunca estava lá. O cuidado e a ternura dele nunca foram para ela. Ao longo de seis anos, ela aprendeu a depender apenas de si mesma.
Shane franziu a testa.
— Você está me culpando? Quando descobri que você estava doente, reservei um voo de volta imediatamente. O que mais você quer de mim?
Bethany zombou:
— Eu não precisava que você viesse. Eu sei me cuidar.
O coração de Shane afundou. Aquela ainda era a mesma Bethany que dependia dele? Ele ficou em silêncio até que o telefone tocou novamente. Era Yelena. Bethany podia ouvir claramente a voz irritada dela.
— Shane, você me deixou sozinha na Maldivea só por causa da Bethany?!
Shane olhou para Bethany, pálida na cama do hospital, e baixou a voz.
— A Bethany está doente e no hospital. Conversamos depois.
Yelena fungou e disse:
— Ela convenientemente ficou doente justo agora? Não tem como ser coincidência! Não cai nessa. Ela está fingindo!
Bethany ouviu cada palavra claramente. Segurou a raiva e olhou para Shane.
Shane franziu a testa e, como sempre, disse suavemente:
— Não se preocupe. Eu volto pra você depois que ela tiver alta. Seja boazinha, ok?