Yelena não ficou em Maldivea esperando Shane. No dia seguinte, ela pegou um voo de volta e foi direto para o hospital. Quando viu Bethany deitada na cama com soro no braço, Yelena sorriu com desprezo.

— Bela atuação! Fingir que é fraca é tudo que você sabe fazer? Só o Shane cairia numa farsa dessas!

Bethany sabia exatamente o que ela queria dizer.

Anos atrás, ela tinha ficado do lado de fora do dormitório masculino a noite inteira, debaixo de chuva forte, esperando por Shane. Ela lembrava claramente o quanto chovia naquela noite. Ela ficou parada ali, na tempestade, segurando a guitarra que havia escolhido com tanto cuidado para Shane. A chuva encharcou sua camisa fina e escorreu pelo rosto. Ela desmaiou antes que Shane aparecesse.

Depois disso, ela disse a si mesma que não era o fim do mundo. Amar alguém que não a amava de volta não era a pior coisa que poderia acontecer. Justo quando decidiu desistir, Shane finalmente cedeu. Ele disse que daria uma chance ao relacionamento. Foi assim que ela conseguiu o homem que desejou por tanto tempo.

Aquela chuva trouxe o amor, mas também trouxe pneumonia. Ela melhorou depois, mas ficou com uma tosse persistente. Sempre que o clima esfriava, ela começava a tossir.

Bethany olhou para Shane. Por um instante, ela desejou que ele a defendesse. Mas sabia que ele não defenderia. Yelena era agressiva, e Bethany já tinha suportado isso por tempo demais. Ela estava prestes a terminar com Shane pra valer, então não havia mais motivo para fingir ser boazinha.

Bethany disse:

— Quando se trata de fingir, eu nunca vou chegar ao seu nível. Todos os seus truques são inúteis. Você sempre vai ser apenas a irmã do Shane.

As palavras atingiram Yelena como um tapa. Ela perdeu a cabeça e avançou para cima de Bethany. Bethany levantou o braço para se defender. A agulha do soro se rompeu. Uma dor aguda atravessou sua mão e ela soltou um grito. Sangue misturado ao soro espirrou em seu avental hospitalar branco. Yelena tinha começado, então Bethany não pretendia recuar. Ela ignorou a dor e levantou o braço para dar um tapa em Yelena. Antes que conseguisse, Shane entrou no meio das duas. O som do tapa encheu o quarto, e uma marca vermelha apareceu no rosto de Shane. As sobrancelhas dele se apertaram, e sua expressão escureceu.

— Bethany, o que deu em você? Você sabe que a Yelena tem problemas. Ela não consegue se controlar. Por que você bateria nela?

Bethany o encarou. Suas mãos se fecharam com força enquanto ela tentava manter a calma. Ela disse com uma risada amarga:

— Ela é doente e eu não sou? Por que você sempre tem que ser tão hipócrita?

Shane abriu a boca, mas não disse nada. Era como se algo o impedisse de falar. Yelena limpou as lágrimas teatralmente.

— Shane, eu sabia! Você não liga pra mim! Ai, odeio viver!

Ela saiu correndo do quarto chorando. Shane foi atrás dela sem pensar duas vezes, deixando Bethany ali, em silêncio. A amargura encheu o peito de Bethany. Ela riu de si mesma. Por que estava triste? Não era como se isso nunca tivesse acontecido antes. Bethany ainda estava abatida quando o telefone tocou. O nome de Hudson apareceu na tela.