“As almas mais escuras não são aquelas que escolhem existir no inferno do abismo, mas aquelas que decidem se libertar do abismo e circular silenciosamente entre nós.”
Silvia voltou à empresa no final da tarde, quando o céu começava a perder o brilho e o prédio vibrava naquele silêncio apressado de fim de expediente. Sem passar em sua sala, ela seguiu direto para o escritório de Cássio. A porta, ao se abrir, deixou escapar um rangido baixo, como um pequeno aviso que ninguém além dela parecia ouvir.
O ambiente estava vazio. O ar ali dentro ainda carregava o perfume amadeirado dele, um vestígio que doía como uma ausência recente. Ela já havia tentado ligar no celular, mas a chamada nem chegava a completar. Preferiu acreditar que a bateria havia acabado e que ele simplesmente não tinha notado.
Tentando organizar o caos em sua mente, Silvia caminhou até o setor jurídico. No corredor, as luzes frias refletiam no piso polido, criando uma sequência de espelhos deformados que acompanhavam seus