"É extremamente fácil enganar-se a si mesmo; pois o homem geralmente acredita no que deseja" Demóstenes
Os vidros escurecidos do carro impediram que os flashes dos repórteres captassem seu rosto, mas Cássio ainda assim sentiu o peso de cada câmera e pergunta não dita. Uma fila de jornalistas se amontoava na entrada da garagem e na porta frontal do edifício, esperando — como aves de rapina — que ele cometesse um deslize.
— Parecem urubus em cima de carniça — resmungou, em voz baixa.
Renato, ao lado, arqueou uma sobrancelha com ironia.
— Você está famoso. Não era isso que queria?
Cássio apenas bufou, sem ânimo para replicar.
Quando o elevador se abriu no andar da diretoria, ele sentiu um alívio breve ao perceber a ausência de funcionários. Estava farto dos olhares de julgamento, da piedade silenciosa, do sussurro quando ele passava. Mas o alívio durou pouco.
Ao abrir a porta de sua sala, encontrou sentados ali seus pais, Esther e Carlos, a irmã Viviane… e Silvia. A cena tinha algo quase