“Antes de se tornar forma, o sentimento é apenas linha — traço tímido entre o desejo e o medo.” Autor desconhecido.
Quando Santiago falou, a voz quase não saiu.
— Helena… — foi só o que conseguiu dizer. O resto ficou preso entre o peito e a alma.
Ela entrelaçou os dedos, levemente tensa. A opinião dele importava mais do que deveria — não só por ele ser um dos melhores avaliadores de arte que já conheceu, mas por um motivo que ela ainda não sabia nomear.
— Você pintou isso… recentemente? — ele perguntou por fim, a voz baixa, mas já imaginando a resposta.
A imagem do carro se aproximando dela — e do medo que a congelou — atravessou-lhe a lembrança. Mas sabia que a pintura ia além daquilo. Não era só sobre o quase-acidente… era sobre todas as vezes que ela se silenciou e se deixou apagar por causa do medo. Talvez fosse a justificativa para aquela mulher, tão incrível, ter desperdiçado mais de 5 anos ao lado daquele canalha.
— No dia em que você me salvou. — respondeu ela baixinho.
Ele as