Ao sair do Scarlet Bar, Cássio conduziu Silvia até o apartamento dela em completo silêncio.
Não queria falar. Mal conseguia respirar. Sentia-se à beira de um colapso — transbordando emoções conflitantes, desejando apenas um vazio sereno onde pudesse reencontrar algum vestígio de sanidade.
Silvia nunca o vira assim. Naquele olhar duro e silencioso, percebeu — pela primeira vez — o quanto havia ultrapassado limites. E temeu o homem ao seu lado.
Quando o carro parou diante do prédio, ele permaneceu imóvel, encarando o nada à frente. O peito subia e descia num ritmo lento, contido, perigoso.
Sem se virar, perguntou num tom calmo demais para ser inofensivo:
— Eu te avisei pra não se meter com a Helena... não avisei?
Silvia engoliu em seco, a mente girando, procurando desesperadamente uma saída, uma desculpa.
Ele prosseguiu, a voz cortante:
— E eu também te avisei pra não criar esperanças além do que temos... não é?
As mãos dela ficaram geladas. Um arrepio de medo percorreu-lhe o corpo.
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