Cássio nunca havia levantado a mão para Helena.
Foi rude, sim. Frio, distante, cruel nas palavras e nos silêncios. Mas jamais imaginara ser capaz de cruzar essa linha. E, no entanto, ali estava ela — caída ao chão, o sangue escorrendo lentamente por sua têmpora, e aquele olhar… aquele olhar que ele nunca havia visto antes.
Helena sempre fora como uma pintura viva — uma tela vibrante, cheia de luz e movimento.
Quando a conheceu, era uma jovem artista recém-formada, com o brilho do mundo refletido nos olhos e a alma transbordando sonhos.
Ele, ao contrário, estava perdido. Havia estudado, planejado, tentado — mas nada parecia suficiente. Sabia apenas que queria ser grande. Queria ser admirado, respeitado, uma presença que não pudesse ser ignorada.
E, ao olhar para o trabalho de Helena, enxergou tudo o que lhe faltava: cor, vida, genialidade.
E, ao olhar nos olhos dela, viu a chama que poderia acender o próprio destino.
Encantou-se. Declarou-se. E ela acreditou.
Ele precisava dela — e ela