A REUNIÃO NO INFERNO – O MUSEU DO PVC E O LEVANTE DO ESPELHO DE CARNE
O Inferno não amanhece, mas há momentos em que sua escuridão se ilumina com um vermelho mais profundo — como se o coração morto do universo batesse mais forte.
Foi sob esse rubor sinistro que o Diabo convocou todas as almas condenadas para a grande assembleia.
Elas vieram arrastando sombras, arranhando o chão, carregando o cheiro da própria ruína.
Alguns ainda pingavam restos da vida; outros tinham a pele costurada por mentiras que contaram em terra.
O Diabo subiu em seu púlpito de ossos derretidos, olhou para aquela massa disforme de seres humanos e suspirou como quem olha para uma pilha de trabalho mal feito.
— Caros seres humanos —
disse ele, com voz que soava como ferrugem quebrando.
— Vocês sabem que eu sou um anjo… e vocês são apenas seres humanos.
E, sinceramente, estou farto.
Um silêncio espesso caiu sobre todos.
O Diabo continuou, caminhando de um lado ao outro com passos que queimavam o ar:
— Farto da b