O CONFLITO QUE O CRIADOR INSTALOU DENTRO DO DEMÔNIO
O Criador, cansado das distrações de Satã e de sua eterna arrogância flamejante, decidiu aplicar um corretivo que não se dá com palavras, mas com cisões.
Não chamou anjos, não ergueu exércitos, não bradou trombetas celestiais.
Apenas abriu a palma da mão.
E ali, no oco luminoso que existe entre o começo e o fim de todas as coisas, o Criador soprou:
— Satã, olha para dentro de ti.
Eu te concedo guerra.
Não fora — mas dentro.
E então tudo começou.
A Rachadura
Satã caminhava pelo Inferno como quem pisa no próprio coração — com soberba, intimidade e desprezo.
Mas naquela hora, ao virar a cabeça para ouvir o chamado divino, algo quebrou por dentro dele.
Um estalo.
Não físico — ontológico.
Uma fratura na alma.
Uma linha luminosa rasgou seu peito, não como redenção, mas como ferida.
Da fenda saiu luz.
Da luz saiu sombra.
E do encontro entre as duas, brotou um grito que não se parecia com nada do Céu ou da Terra.
Satã caiu de