AMAROK
Cinco meses depois…
A neve caía lá fora em flocos pesados, silenciosos e cobrindo toda a floresta com um manto branco. O mundo parecia suspenso entre o tempo e o silêncio lá fora, mas aqui dentro da nossa cabana e entre lençóis grossos e o calor do meu corpo transformado em lobo, havia vida.
Havia amor.
Melina dormia encolhida e visivelmente confortável contra mim, sua pele humana delicada contrastando com a minha pelagem preta. Era inverno e eu estava em minha forma de lobo, a maior e mais quente, para aquecer minha fêmea e meu filhote em seu ventre que já estava redondo e bem visível.
Estávamos deitados nas peles confortáveis e quentes de animais que eu coloquei no chão, fazendo uma espécie de ninho de frente para a lareira. Só que, mesmo com o fogo estalando quase perto, eu sentia a necessidade primitiva de envolvê-la com meu corpo e protegê-la de tudo.
Mesmo sem ter cheiro de ameaça no ar.
Uma das minhas patas da frente cobria sua barriga arredondada com carinho e cuidado