Passamos o resto daquele dia no acampamento. Cassian havia ido resolver um problema na fronteira, e eu aproveitei para cuidar de alguns feridos. Estava enfaixando a perna de um jovem lupino quando Castor entrou na tenda. Ele se aproximou devagar, trazendo uma xícara, o olhar sempre atento, como se buscasse algo além do que parecia oferecer.
— Você faz isso bem. — disse, com um sorriso de canto.
— Muita prática. — respondi sem me deter, sentindo seu olhar pousar sobre mim como se fosse um peso.
Quando ergui os olhos, vi que ele não falava apenas por cortesia.
— Eu sei o que você fez ontem.
Minha mão congelou no movimento de amarrar a faixa.
— O que exatamente?
— No café da manhã. Você fez Cassian parecer falso. E mentiroso. Forçando-o a se declarar para você diante de todos. — o sorriso dele era quase um desafio, um aviso escondido.
Eu cerrei a mandíbula, mas mantive a calma.
— Você é inteligente. Como seu avô. — disse ele.
O encarei de verdade.
— O conhecia bem?
— O suficiente. Era um