O café no centro da cidade estava cheio naquela tarde. O burburinho de vozes, xícaras batendo nos pires e a música suave ao fundo criavam um ambiente acolhedor, quase terapêutico. Gabriela havia marcado de se encontrar ali com Miguel, que vinha carregando em mãos uma pasta abarrotada de anotações. O brilho nos olhos dele denunciava que tinha algo grande para compartilhar.

— Trouxe minhas primeiras ideias — disse ele, depositando a pasta sobre a mesa com um misto de orgulho e nervosismo. — Não sei se estão boas, mas... é um começo.

Gabriela sorriu e inclinou-se para folhear algumas páginas. Havia trechos soltos, diálogos inacabados, descrições de lembranças e até pequenos rascunhos de poemas. Ela reconheceu a voz de Miguel em cada linha — honesta, direta, mas carregada de sentimentos escondidos.

— Miguel... isso está incrível. — Ela ergueu os olhos, emocionada. — Tem verdade aqui. É isso que prende o leitor.

Ele respirou fundo, como se precisasse ouvir exa