Vittorio Bianchi
O peso da garrafa de espumante nas minhas mãos parecia maior do que realmente era. O rótulo impecável escondia o problema que enfrentávamos—uma falha que não deveria ter acontecido, mas aconteceu. O primeiro lote de uma das safras mais aguardadas da Di Fiore estava comprometido.
Passei a mão pelo rosto, sentindo o cansaço pesar nos ombros. Dias sem dormir direito, sem conseguir tirar da cabeça a sucessão de erros que nos trouxe até aqui. O já estava aparecendo , e a claridade começou a bater sobre os vinhedos, tingindo as videiras de dourado, mas nem a paisagem era suficiente para aliviar a tensão no meu peito.
E então, ouvi uma voz. Baixa, hesitante.
— Vittorio…
Minha cabeça se ergueu de imediato. Ela estava ali.
Parada na entrada do vinhedo, os cabelos um pouco desalinhados pelo vento, a respiração acelerada como se tivesse corrido. Meus olhos demoraram um segundo para acreditar no que viam.
Heloísa. O choque me paralisou.
Ela correu em minha direção, e antes que eu