— Oi... — Ele falou com as mãos no bolso do terno ao me encarar na porta da minha casa. — Podemos conversar?
— Que seja rápido. — Falei. Minha voz estava rouca do tanto que eu havia chorado a noite.
Ele entrou sendo guiado por mim até a sala, onde minha mala já estava arrumada e pronta para viagem. Eu já estava arrumada, havia colocado uma calça jeans e como o tempo estava frio, um moletom e um tênis – o que foi conveniente para esconder o hematoma na costela e a tala em meu braço esquerdo. - Meu cabelo estava preso num rabo de cavalo e eu tirei o óculo escuro que escondia meu rosto lhe mostrando olhos inchados. Um hematoma surgiu perto de minha sobrancelha.
— Você está melhor? — Ele perguntou quando eu me sentei no sofá ao seu lado.
— Estou bem. — Falei sendo direta. — E você?
— Vivo. — Ele falou também sendo direto. Eu poderia ver claramente o vazio. Ele havia sido tomado pela escuridão de suas responsabilidades, eu havia sido o motivo.
— Hum. — Esbocei.
— Vim lhe pedir desculpas. —