127. Cont. Minha história…
Hanna
Fitei-o, esperando algo, qualquer coisa, mas o olhar dele estava cheio de uma mistura de amor e admiração. Eu poderia ver que ele entendeu. Ou, pelo menos, tentava.
— Com tudo o que aconteceu... comecei a desencadear crises de pânico. — Minha voz vacilou, como se confessar aquilo ainda abria feridas que nunca cicatrizaram completamente. — Eu não consigo mais ficar sozinho. Era como se o silêncio fosse um inimigo que me esmagava. Chorava a noite toda, sem parar...
Respirei fundo, tentando encontrar coragem para continuar.
— Em um momento de desespero, eu... — minha garganta abriu, e fechei os olhos, tentando evitar que as lágrimas voltassem a cair. — Eu cortei meus pulsos.
Vi o impacto das minhas palavras no rosto dele, mas continuei, porque precisava colocar tudo para fora.
— Eu estava grávida. Só não morri porque Deus não permitiu. — Toquei a medalha no meu pescoço, como fiz tantas vezes naquele período. — Tenho certeza de que minha Senhora intercedeu por mim naquele momento.