Henrique
A Cíntia havia ficado no casarão Belmonte com a Ana e a Carol. Ela estava distante, em estado de choque. Seu olhar perdido denunciava que sua mente ainda estava presa ao incêndio, às chamas consumindo tudo, à brutalidade do que havia acontecido.
E eu sabia exatamente no que ela estava pensando.
Alonso tentou botar fogo na casa com ela dentro.
Era impossível ignorar essa conclusão. Ele devia ter imaginado que a Cíntia estava lá, especialmente porque o Felipe havia deixado o carro dela na garagem antes de sair para a viagem de casais que planejamos. Ele queria que ela estivesse lá. Ele queria que ela queimasse junto com a casa que um dia compartilharam.
O pensamento me embrulhava o estômago.
Fernando e eu havíamos voltado para a fazenda. A casa onde Cíntia morou por anos, onde construiu uma vida ao lado de Alonso, agora não passava de um amontoado de destroços. Cinzas e fuligem tomavam o lugar onde antes havia paredes, móveis, memórias. O cheiro de queimado ainda im