Tudo estava escuro.
Não só ausência de luz, era o tipo de escuro que tem espessura, que parece tocar a pele. Nele, dois olhos vermelhos se acenderam de uma vez, faróis de raiva antiga, puro ódio preso e flamejante.
A voz de Celeste veio de todos os lugares e de lugar nenhum, nem grave nem aguda, apenas um som inevitável, que parecia entrar até os ossos e gelar a medula.
— Acabou o tempo, Smaill. — Seu tom era calmo, não estava gritando apenas dando sua sentença ao cruel rei de Obsidian. — Eu dei a você chance de aprender por bem. Agora você e o seu povo vão pagar pelos erros que escolheram cometer. Eles o seguiram, abraçaram a terra morta, a crueldade, apenas os inocentes serão poupados.
As imagens começaram a correr como se alguém vergasse o céu e despejasse uma história.
Uma mulher de beleza impossível, pele de mel claro, cabelos brancos caindo como neve, olhos lilases que pareciam nascer brilhar. Grávida, as mãos no ventre como quem segura um mundo. Smaill ao lado, mais jovem, meno