O sol ainda nem havia despontado completamente no horizonte quando Laura acordou. A noite tinha sido longa, inquieta, cruel. Não conseguira dormir. As palavras de Heitor ainda ecoavam em sua mente, cortando como lâminas: "Agora só temos isso, essa cama". Como se tudo o que existia entre eles se resumisse a sexo. Como se o amor que construíram fosse apenas um reflexo de corpos suados entre lençóis revirados.
Ela passou as mãos pelo rosto, tentando afastar o cansaço, e se levantou da cama de hóspedes onde terminara a noite. Enrolou-se no roupão e seguiu até o quarto dos meninos. Ao abrir a porta com cuidado, encontrou os dois dormindo profundamente, abraçados um ao outro. Aquilo apertou seu coração. Eles não mereciam viver em um lar dividido, repleto de discussões e silências.
Seguiu então para o quarto principal. Empurrou a porta devagar. Vazio. A cama estava intacta. Heitor já tinha saído. Sem deixar bilhete, mensagem, nada. Como se tivesse apenas ido embora para fugir dela.
Laura