O sol mal havia surgido no horizonte quando Heitor desceu do carro preto e atravessou o jardim silencioso da mansão. O ar da manhã ainda estava frio, e o silêncio só era quebrado pelo som dos passos dele sobre o cascalho úmido.
Era cedo demais para uma visita. Mas ele não conseguia esperar mais.
Quando a porta foi aberta pela governanta, ele não disse uma palavra. Apenas assentiu com um leve gesto de cabeça e entrou. O interior da casa exalava perfume suave e tranquilidade, um contraste cruel com o turbilhão dentro dele.
Encontrou Laura na varanda dos fundos, de camisola clara e um robe leve sobre os ombros. Os cabelos soltos estavam ainda um pouco bagunçados, o que a deixava absurdamente mais bela. Ela tomava um café, em silêncio, com os olhos perdidos na paisagem.
— Bom dia — ele disse, com a voz baixa.
Ela virou o rosto devagar, surpresa.
— Heitor...? O que faz aqui tão cedo?
— Vim ver como vocês estão. Como está o Joaquim?
Ela sorriu de leve, um sorriso quase irônico.
—