O sol mal havia despontado no horizonte quando Bianca se levantou da cama. A madrugada inteira havia sido um suplício: entre sonhos agitados e o vazio dolorido de Valentina não estar em seus braços, ela se sentia à beira do colapso. A cada vez que fechava os olhos, via o rosto de Walter, cínico e cruel, repetindo suas palavras como uma sentença — “já que o destino estava ao meu favor, não vou perder a chance de me vingar de Fernando.”
Essas lembranças faziam seu estômago se revirar. Bianca abraçou o travesseiro, imaginando que era sua filha. O silêncio do apartamento pesava, cortado apenas pelo som distante do trânsito começando a ganhar vida. Ela respirou fundo e, com lágrimas ainda frescas nos olhos, tomou uma decisão.
— Hoje eu vou buscar a minha filha e o Fernando não vai me impedir. — sussurrou para si mesma, a voz falhando, mas carregada de determinação.
Fez um café forte, mas o líquido quente não trouxe conforto, apenas um gosto amargo na boca. Vestiu-se sem muito cuidado