Angel
O apartamento de Lucas parecia pequeno demais para tanto silêncio.
Mesmo com a cidade vibrando do lado de fora, com seus carros apressados e buzinas irritadas, ali dentro o tempo corria devagar. Como se a gente estivesse se recuperando de uma tempestade, dessas que não deixam rastros visíveis, mas arrancam tudo por dentro.
Eu fiquei trancada no quarto com Lucas quase o dia inteiro. Não por drama, nem por fuga. Só precisava de tempo. Para digerir tudo. Para me acostumar com a ideia de que nós tínhamos rompido com o passado e sobrevivido.
Do lado de fora, Leonardo e Amélia passeavam como dois adolescentes redescobrindo a cidade onde viveram a sua história anos atrás.