Mundo ficciónIniciar sesiónLuiza acordou com o coração batendo tão rápido que parecia prestes a romper o peito. Abriu os olhos de súbito, como se alguém tivesse dito seu nome bem ao lado de seu ouvido. A respiração estava curta, o corpo quente demais.
Por um instante, ela jurou sentir o cheiro dele. Madeira queimada… e alguma coisa selvagem. Alex. Ela levou a mão ao pescoço, onde não havia nada além de sua pulsação acelerada. A lembrança da noite anterior — a transformação, os olhos caramelo-rubi, a voz dele dizendo que ela era dele — veio à tona como um golpe. “Minha parceira. Minha escolhida.” Luiza se sentou, empurrando as cobertas para longe. O quarto estava escuro, exceto pela luz pálida da lua que atravessava as cortinas. Parecia que tudo nela vibrava de um jeito estranho, como se seus sentidos estivessem… diferentes. A lua parecia mais brilhante. Os sons da noite mais nítidos. Seu corpo mais desperto do que nunca. Ela passou a mão pelo rosto, tentando encontrar lógica no que tinha vivido. — Isso não pode ser real — murmurou, mas sua voz não carregava convicção. Ela sentia que era real. Sentia no osso, no sangue, na pele. E, por mais que tentasse negar, algo dentro dela se movia quando pensava em Alex. Algo quente, perigoso, atrativo demais. — Não. Não posso me envolver nisso. — levantou-se, andando pelo quarto. — Eu nem acredito em… lobos que viram homens. Alfas. Destinos. Parcerias. Mas a lembrança dos olhos dele era impossível de ignorar. Assim como a forma como o corpo dela tinha reagido à aproximação dele. Sem medo. Sem resistência. Com uma vontade estranha de se jogar naquele calor selvagem que ele exalava. Um arrepio percorreu suas costas. Ela precisava de ar. Luiza desceu as escadas da casa silenciosa e abriu a porta devagar, sentindo o vento frio bater contra seu rosto. Deveria estar com medo de sair sozinha à noite… depois do que havia visto. Mas o medo não veio. Ao contrário, a floresta parecia chamá-la. Um puxão suave, como fios invisíveis amarrados em seu peito. Ela deu dois passos para fora e parou. O coração acelerou ainda mais. Era uma sensação absurda, como se alguém a estivesse guiando, como se soubesse exatamente onde ela deveria ir. — Eu estou ficando louca… — murmurou. Mas, quando deu o terceiro passo… Um arrepio a percorreu. Uma presença. Não Alex — ela sabia que não era Alex. Era outro tipo de energia. Fria. Elegante. Antiga. E então ela o viu. Encostado na cerca que separava o quintal da casa com a trilha, como se estivesse ali apenas apreciando a noite. Alto. Loiro escuro. Pele quase pálida demais para alguém vivo. Olhos de um azul profundo, tão intensos que pareciam brilhar sob a lua. Ele sorriu ao vê-la. — Finalmente acordou — disse com uma voz suave, controlada, e ao mesmo tempo sedutora. Luiza recuou um passo. — Quem é você? O sorriso dele se curvou um pouco mais. Não era ameaçador… mas havia algo perigoso ali, escondido sob camadas de charme. — Me chamo Lucas. — Ele inclinou a cabeça levemente. — E, antes que pergunte, sim… eu sei quem você é, Luiza. O estômago dela gelou. — Isso está virando moda agora? — retrucou, cruzando os braços na tentativa de parecer firme. — Homens misteriosos surgindo do nada e dizendo meu nome? Lucas riu, um som baixo e envolvente. — Eu não sou como Alex. O nome dele caiu entre eles como um choque elétrico. Os cabelos de Luiza se eriçaram. — Você… conhece ele? — Mais do que gostaria. — Os olhos azuis escureceram. — Ele não deveria ter chegado até você tão cedo. Luiza franziu o cenho. — Como assim, cedo demais? Lucas aproximou-se devagar, como quem se aproxima de um animal assustado — mas seus movimentos eram fluidos demais, elegantes demais. Quase… sobrenaturais. — Você não entende, não é? — perguntou, a voz baixa como veludo. — Ainda não sabe o que é. O que carrega. Luiza engoliu seco. — O que eu sou? Lucas ergueu a mão, tocando o ar ao lado do rosto dela, sem tocá-la de verdade — mas Luiza sentiu o frio da presença dele na pele. — Uma chama adormecida — murmurou. — Uma força que nem mesmo Alex compreende. E, quando despertar… você será poderosa o suficiente para destruir ou salvar qualquer criatura da noite. O coração dela disparou. — Isso é loucura. — É a verdade. — Lucas deu mais um passo. Agora estava muito perto. — E eu não quero te machucar. Ao contrário… eu quero te ajudar a sobreviver ao que está por vir. — Ao quê? — sussurrou ela. Lucas olhou para a floresta atrás dela, como se sentisse algo se movendo. — Ao Alfa da Lua Negra… e à maldição que está prendendo vocês dois. A respiração de Luiza falhou. — Alex disse que eu sou… destinada a ele. Lucas aproximou-se mais. Seu rosto ficou a poucos centímetros do dela. Os olhos azuis brilharam. — Destino não é sinônimo de segurança, Luiza. Nem de amor. O peito dela apertou. — E por que eu deveria confiar em você? Lucas sorriu, mas dessa vez havia algo triste no sorriso. — Porque eu não quero te possuir. Eu quero te proteger. E porque, ao contrário de Alex, eu não tenho uma maldição queimando meu controle. Um estalo distante ecoou na floresta. Lucas congelou. Luiza também. E então ela ouviu: Um rosnado. Profundo. Familiar. Cheio de fúria contida. Alex. Lucas deu um passo para trás, os olhos se estreitando. — Ele está vindo. — Sua voz ficou mais tensa. — Fique longe dele até eu te explicar o que você realmente é. Luiza abriu a boca para perguntar, mas Lucas já havia desaparecido na escuridão — rápido demais para ser humano. Um segundo rosnado ecoou. E, entre as árvores, dois olhos caramelo-rubi brilhavam feito brasas. Alex havia encontrado os dois. E ele não parecia nada feliz.






