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Capítulo 4- O Alfa em Fúria

O rosnado cortou o silêncio como uma lâmina.

Luiza recuou instintivamente, o coração disparando quando Alex emergiu da escuridão entre as árvores. Ele não estava em forma humana. Ainda era o lobo — enorme, musculoso, o pelo tão negro que parecia engolir a luz da lua. E seus olhos…

Os olhos estavam diferentes.

Mais vermelhos.

Mais brilhantes.

Mais perigosos.

A maldição estava ardendo.

O lobo avançou dois passos, o solo tremendo sob seu peso. Luiza sentiu o ar ao redor se comprimir como se a própria noite prendesse a respiração.

— Alex… — Ela quase não reconheceu a própria voz. Um misto de medo e… outra coisa. Algo quente demais.

O lobo a encarou com uma intensidade que queimava. Mas algo estava errado. O olhar dele não era só de possessão ou alerta.

Era ciúme.

Puro. Instintivo. Selvagem.

Luiza engoliu seco quando percebeu.

Ele tinha visto Lucas.

E aquilo o consumia.

O lobo rosnou novamente, mais forte, e deu outro passo à frente. Seus pelos se eriçaram, o rubi em seus olhos pulsando como brasas prestes a explodir. Luiza sentiu o peito apertar — não de medo, mas de receio por ele.

— Alex, para — sussurrou ela, levantando a mão lentamente. — Ele já se foi.

O rosnado cessou por um segundo, mas então o lobo se transformou.

Não como da primeira vez — suave e hipnotizante.

Desta vez foi brutal.

Os ossos se moveram rápido demais, os músculos se contorceram, o ar se preencheu com o som seco das articulações mudando de forma. Luiza deu um passo para trás, mas não tirou os olhos dele.

Quando terminou, Alex estava de pé diante dela — alto, nu da cintura para cima, o corpo marcado de cicatrizes que pareciam brilhar sob a lua. O peito dele subia e descia com violência. Sua expressão era quase feroz demais para ser humana.

— O que ele estava fazendo com você? — A voz dele saiu grave, arranhada, como se a transformação tivesse desgastado tudo dentro dele.

Luiza tentou manter a calma.

— Ele… só apareceu. Eu não sei quem ele é.

Alex deu um passo brusco em sua direção. Ela recuou, e isso pareceu irritá-lo ainda mais.

— Ele te tocou? — perguntou entre dentes.

— Não. — Luiza respondeu rápido demais, e isso chamou a atenção de Alex. Os olhos rubi-caramelo analisaram cada milímetro dela, como se buscassem qualquer traço da presença de Lucas.

— Ele estava perto — disse Alex, mais para si mesmo. — Eu ainda sinto o cheiro dele em você.

Luiza estremeceu.

— Isso não é culpa minha — retrucou, tentando recuperar o controle da própria voz.

Alex cerrou a mandíbula, mas respirou fundo, como se estivesse tentando buscar controle.

A maldição pulsava nos olhos dele.

O rubi queimava.

E a aproximação de Lucas parecia ter piorado tudo.

— Você não deveria ter saído de casa à noite — disse ele, a voz grave demais. — Ainda mais depois da noite passada.

— Eu precisava de ar — respondeu ela, sem coragem de admitir que sentiu um chamado, um empurrão invisível vindo da própria floresta.

Alex aproximou-se mais. Desta vez, Luiza não recuou.

Ele ergueu a mão devagar e tocou o queixo dela, exatamente como antes — mas agora o toque dele tremia um pouco. Como se ele estivesse lutando contra algo dentro de si.

— Você não faz ideia do perigo que correu — murmurou. — Nem do que ele é.

— Então me explica! — Luiza ergueu o rosto, frustrada. — Eu tô perdida aqui, Alex. Ontem eu descobri que lobos viram homens, que existe uma maldição maluca sobre você, e hoje aparece um cara estranho dizendo que eu tenho poderes e que você… que você é um risco pra mim.

Os olhos de Alex escureceram.

— Lucas disse isso?

Ela hesitou. E isso bastou.

Alex rosnou — dessa vez como humano. Um som baixo, vibrante, que percorreu a espinha dela.

— Você não pode acreditar nele — disse Alex. — Vampiros mentem. É o que fazem.

A palavra caiu como um trovão.

Vampiro.

Luiza piscou, tentando processar.

— Ele… ele é…?

— Sim. — A voz de Alex era firme, fria. — E não qualquer vampiro. Lucas é antigo, forte e manipulador. Ele não se aproxima de alguém sem motivo.

Luiza sentiu o estômago revirar. Não porque estava com medo de Lucas — mas porque agora começava a entender que o mundo ao seu redor era muito maior do que imaginava.

— Por que ele viria atrás de mim?

Alex não respondeu imediatamente.

Ao invés disso, aproximou-se tanto que Luiza pôde sentir o calor do corpo dele. As mãos dele tocaram o rosto dela com firmeza, como se ele precisasse garantir que ela estava ali.

— Porque você carrega algo que ele deseja — disse Alex, a voz baixa, quase um sussurro. — Algo que eu não posso deixar que ele tenha.

Luiza sentiu o coração pular.

— O quê?

Alex inclinou a testa contra a dela, respirando fundo. O rubi em seus olhos pulsou mais forte.

— O seu poder — disse ele. — O poder que pode quebrar ou destruir a maldição. O poder que só desperta na parceira destinada do Alfa.

O sangue de Luiza gelou.

— Eu não… eu não tenho poder nenhum.

Alex sorriu de forma triste.

— Tem. E está começando a acordar. Eu senti ontem… quando você não fugiu de mim. Quando olhou para mim como se me reconhecesse.

Luiza desviou o olhar, sentindo o rosto esquentar. Ele percebeu — claro que percebeu — e a segurou com mais firmeza, obrigando-a a encarar seus olhos.

— Luiza — disse, num tom que fazia seu corpo inteiro reagir — você é minha. Destinada a mim. E eu juro pela lua que vou proteger você. De vampiros. De bruxas. Do que vier.

Ele fez uma pausa.

— Até de mim mesmo, se for preciso.

O rubi nos olhos dele brilhou. Algo dentro dela respondeu ao brilho — como se uma chama adormecida tivesse estremecido.

Luiza abriu a boca para falar, mas uma sombra se moveu na floresta.

Alex virou a cabeça de imediato.

O instinto Alfa despertou.

— Ele está perto — rosnou. — Ele está observando.

Lucas.

Luiza sentiu a pele arrepiar.

Alex se colocou na frente dela, o corpo tenso como uma muralha viva.

— Fique atrás de mim — ordenou.

E a noite pareceu prender a respiração.

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