Capítulo 5 – Mentirinhas
Ella WilliamsQuando eu chego em casa, Rosie Grace está sentada em seu sofá com sua típica xícara de chá em mãos e me esperando com as pernas cruzadas.— Você não estava no Ed. — Ela declara assim que eu fecho a porta. — Ele é péssimo mentindo, sabia?— Eu estive lá...— Ella, o que está acontecendo? Você nunca foi disso. — Mamãe deixa a sua xícara sobre a mesinha de centro e anda até mim. — Vamos conversar direito, ou você vai começar a ser como as meninas problemáticas que vivem mentindo para os pais? — Rosie me olha dentro dos olhos e a tristeza que eu vejo neles faz com que eu me sinta mal.Eu realmente nunca tive necessidade de mentir para os meus pais.— Eu fiz novos amigos. — Conto a verdade depois de suspirar. — Estava na casa de um deles, mas o Ed não sabia, pois ele não gosta deles. — Admito e sigo minha mãe quando ela caminha de volta ao sofá para sentar-se e terminar de tomar seu calmante quente.— Seu pai disse que se você mentir mais uma vez, ele vai tirar o carro. — Ela declara com o olhar sério. — Não minta mais para nós, Isabella. — Me alerta e sobe para o seu quarto me deixando sentada sozinha no sofá.Eu queria matar Edward, mas por tê-lo envolvido na minha mentira, com certeza o senhor certinho vai querer me matar. Mas não hoje, pois eu estou exausta.Deixo o sofá de lado e subo as escadas até o meu quarto. Por hoje, dispenso o banho. Apenas tiro minhas roupas e lanço meu corpo sobre a cama só de calcinha e sutiã. Cubro-me com o edredom e me permito dormir.Amanhã, só amanhã eu me preocuparei com as baboseiras de Ed, ou melhor, o senhor certinho....— Sente-se aqui conosco, Ella. Precisamos conversar sério. — Meu pai fala alto o suficiente para que eu o escute e dê meia volta da sala para ir até a cozinha onde o avisto tomando café com minha mãe.— Bom dia, pai. Bom dia, mãe. — Declaro sem muito humor e sento-me à mesa deixando a mochila no chão.— Temos um acordo, lembra? — Meu pai pergunta deixando a xícara de café dele de lado.— Verdade sempre é a melhor saída. — Repito a frase sempre dita a mim por anos.— Então o que foi aquilo ontem, Ella? — Ele pergunta enquanto o nosso diálogo é observado em silêncio pela minha mãe.— Eu já expliquei tudo para a mamãe...— Se não era nada demais, porque mentiu? — Meu pai persiste em perguntar.— Desculpa. — Declaro.— Você não respondeu minha pergunta. — Ele nega.— Eu sempre tive só o Ed como amigo. Se eu dissesse que ia a noite na casa de novos amigos, vocês aceitariam tranquilamente?— Talvez... — Mamãe dá de ombros. — Você disse que Edward não gosta deles. Por quê?— Porque ele é um antissocial que vê problema em todo mundo. — Sorrio ironicamente. — Sério, mãe... Eu só fiz novos amigos, talvez populares e que foram bem legais comigo. Estou andando um pouco, vivendo um pouco fora da bolha que eu mesma criei com Edward e isso não significa que eu não o ame, ok? Apenas que eu quero conhecer pessoas novas.— Não estamos te impedindo disso, Ella. Só não queremos que você comece a mentir agora, entende? — Meu pai volta a falar.— Sim, pai. — Afirmo.— Se voltar a mentir, você já sabe... Sem carro, sem voltar tarde para casa, sem padaria a tarde com Edward.— Agora coma antes de ir para o colégio. — Mamãe me estende um pequeno prato com bolo, mas eu pego uma maçã e estendo para ela em resposta.— Está ótimo... Até mais tarde. — Levanto-me e aceno para eles. — Amo vocês! — Digo ao dar as costas.Correndo, alcanço meu carro e dou partida nele indo em direção à casa de Ed, enquanto tento falar com ele por ligação.— Já estou na escola. Não precisa passar para me pegar. — É a primeira coisa que ele diz quando atende o seu telefone na primeira chamada.— Uou! — Digo risonha, a fim de quebrantá-lo, já que o seu tom de voz não é muito amigável. — Pulou da cama, foi?— Não. — Ele nega e desliga a ligação.Edward de mau humor é um Edward de poucas e secas palavras.Mudo minha rota, da casa dos Jones para o colégio rapidamente e, quando estaciono o meu carro, já consigo ver Chad deixando seus grupos de amigos e se aproximar do meu carro no qual ele recosta e, de braços cruzados, me espera sair.— Bom dia, pequena. — Ele abre um lindo sorriso e vem até mim para me abraçar quando eu termino de trancar o carro.Como de costume, dentro do abraço, Chad aproveita para deixar um beijo no meu pescoço.— Você ainda precisa me explicar porque sempre tem que beijar o meu pescoço. — Digo quando ele se afasta do meu corpo e me encara ainda sorridente.Enquanto andamos pelo estacionamento lotado, as pessoas à nossa volta, nos encaram descaradamente.— Eles estão te olhando, pois acredito que ninguém nunca imaginou que você tinha pernas tão bonitas. — Ele se inclina e, com a boca perto do meu ouvido, sussurra para mim fazendo o sangue da minha face ferver um pouco.Eu aposto que minhas bochechas estão vermelhas.Usar a saia do uniforme é algo novo mesmo. Antes, andando com Edward, eu tinha vergonha. Sempre as achei um tanto vulgar e, tendo a bicicleta de Ed como nosso principal meio de transporte, era um tanto inadequado para usar. Mas agora... Bom, a saia faz parte do processo de mudança, faz parte da nova Ella.— Você viu o Ed?— Eu vim te receber, te dei um belo de um abraço, você não me dá nem bom dia e já está procurando por aquele estranho? — Chad para de caminhar e se põe à minha frente fazendo com uma expressão de desdenho em seu rosto.— Se quiser ser meu amigo, não pode falar assim dele. — Chamo sua atenção falando com seriedade.— Desculpa, gatinha. — Ele levanta as mãos em rendição. — Ele deve estar nos lugares de sempre, ou na biblioteca, ou no pátio.— Valeu! — Sorrio e, sem nem me despedir, viro as costas para ele.O intuito era sair correndo em busca de Ed, mas Chad me impede ao segurar meus braços e se aproximar ainda mais de mim.— Vai mesmo me deixar sem um bom dia, Ella? — Pergunta me fazendo rir.Como pode alguém ser tão cara de pau?— Está tentando me seduzir ainda, Chad? — Eu me afasto um pouquinho de seu corpo só para poder olhar em seus olhos e sorrir sapeca. — Eu não sou burra, vai...— Se eu tivesse querendo te seduzir, te chamaria para um encontro, porém a proposta que eu tenho é diferente... — Ele dá de ombros enquanto sorri de lado.— Qual seria?— Apenas uma ajuda com literatura. — Ele declara e, no final da sua frase, aparenta-se um pouco envergonhado. — Pode ser à tarde, na sua casa ou na minha.Se eu levar algum garoto para casa que não seja Ed, papai provavelmente vai achar estranho.— Já ouviu falar na padaria dos pais de Edward?— Aquele pé sujo no centro? — Pergunta com um sorriso debochado nos lábios.— Está vendo porque você nunca me conquistaria? — Reviro os olhos e puxo meus braços da mão dele.Começo a andar em direção a biblioteca até que, mais uma vez, Chad se coloca na minha frente impedindo minha passagem.— Desculpa, gatinha. — Sorri sem graça e coça sua nuca. — Por favor, eu preciso muito da sua ajuda.— Promete não ser mais idiota e desrespeitar o meu amigo?— Prometo. — Ele une as mãos como em uma prece e contém um sorriso.— Esteja lá às duas da tarde. — Concluo e, inesperadamente, seus braços enlaçam a minha cintura e me giram no ar em comemoração.— Obrigada, gatinha. Você não sabe o como eu estava precisando disso!— Tá ok, agora me solta, Chad! — Grito e, em obediência, sinto meus pés tocarem o chão novamente.— Até lá!São as últimas palavras dele para mim enquanto eu caminho na direção da biblioteca a fim de achar Edward.Eu tento não me importar com Ed, mas o problema é que isso é praticamente impossível. Eu e ele somos tão unidos que quando eu sinto que ele está mal, é como se eu sentisse o mesmo. Eu não consigo ficar bem com a ideia de que ele não está bem... É como se, de algum jeito, estivéssemos ligados um ao outro. Tudo piora quando eu tenho em mente que ele está assim por minha causa.Curta e comente!