[Patricia]
Os dias que se passaram foram como um túnel escuro e sem fim. Eu caminhava por corredores longos, infinitos, mas nunca encontrava uma saída. Eu gritava, pedia ajuda, mas minha voz parecia não existir. Era como se estivesse presa entre dois mundos, incapaz de voltar, incapaz de seguir em frente.
Até que, aos poucos, algo mudou.
Um som distante, quase um sussurro, rompeu o silêncio sufocante. No início, era apenas um eco, uma vibração vaga no vazio... mas então as palavras começaram a fazer sentido.
— Filha, sua apresentação foi um sucesso. — A voz suave e conhecida me envolveu como um abraço. — Saiu nos jornais da cidade. Aqui, escute... duas grandes apostas do balé realizaram a primeira apresentação...
Minha mãe.
Mamãe.
Fiz força para responder, mas minha boca estava seca, minha garganta parecia feita de areia. Meu corpo não obedecia, como se eu estivesse amarrada a um peso invisível. Com um esforço imenso, consegui murmurar:
— Mamãe... onde estou?
O som da cadeira sendo ar