[Lara]
O corredor do hospital estava silencioso, iluminado apenas pela luz fria e artificial que ecoava nas paredes brancas. Me aproximei de Lucas, que estava sentado em uma das cadeiras de plástico, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido entre as mãos. Murmurei baixo, quase num sussurro, que iria até a cafeteria para respirar por alguns minutos. Ele nem sequer levantou a cabeça, apenas acenou com um gesto vago, distante. Ele estava longe, em outro lugar, em outro mundo. E eu precisava sair dali. Não suportava mais ficar cercada por todos eles, ouvindo o choro contido, os murmúrios sobre a vida de Patrícia, as preces sussurradas como se ela já estivesse condenada.
Eu precisava de espaço.
Eu precisava vê-la sozinha.
Esperei alguns minutos, observando discretamente até que o corredor ficasse vazio. Então, com passos cautelosos, entrei na UTI. O ar gelado do quarto me envolveu, e a luz azulada dos monitores piscava em sincronia com os bipes incessantes das máquinas.