A manhã me recebeu com a boca amarga e os olhos inchados, reflexo de uma noite passada em prantos. O caos reinava em meu pequeno apartamento, espelhado nas garrafas de vinho espalhadas pelo chão, vazias e acusadoras. Ethan, em sua suposta preocupação, esvaziara minha reserva, acreditando que me impediria de beber. Engano seu. Eu precisava daquela bebida, precisava do entorpecimento.
Vesti uma roupa qualquer e saí, rumo ao mercado. A tarefa de reabastecer meu estoque, tão simples em outras ocasiões, tornou-se um desafio. Ao chegar ao caixa, a atendente me olhou com uma expressão de pena contida.
— Sinto muito, mas não posso vender mais bebidas para a senhora.
— Como assim? — perguntei, mostrando as notas em minha mão. — Estou com o dinheiro para pagar.
— Me pediram para não vender mais para a senhora, porque está tendo problemas com álcool.
— Quem disse isso? — minha voz tremeu, a raiva começando a ferver.
— Não importa, senhorita.
— Que seja — rosnei, a frustração me sufocando. —