Depois da morte da mãe, estando totalmente endividada, a jovem e inexperiente Daniela se muda para a Itália. Ainda recém-chegada se candidata a uma vaga de assistente de vendas numa importante e bem conceituada empresa. No seu primeiro dia a caminho do trabalho um pequeno incidente faz com que ela conheça o homem mais elegante e bonito que seus olhos já viram. Antonino Goldacci é um bilionário, dono da Goldacci Indústria Farmacêutica. Conhecido como um homem frio e sem sentimentos, ele usa as mulheres apenas para satisfazer suas necessidades sexuais, porém guarda um trauma do passado quando presenciou o assassinato dos pais. Acostumado a ter o controle de tudo ele se vê num impasse quando conhece Daniela, moça de origem humilde e de hábitos totalmente diferente dos seus. Entretanto, um segredo do passado que envolve as famílias de ambos vem à tona e Antonino terá que tomar uma difícil decisão.
Leer másCapítulo 1
Daniela abriu os olhos antes que o despertador tocasse. Acordou agitada, pois aquele seria o seu primeiro dia de trabalho. Levantou apressada e seguiu para o banheiro. Ligou o chuveiro e deixou que a água quente aliviasse a tensão enquanto organizava os pensamentos.De volta ao quarto, parou na frente do espelho grande e procurou se vestir de maneira elegante, porém, despretensiosa. Prendeu os longos cabelos negros e ondulados em um coque, deixando alguns fios soltos. Usou delineador para realçar os olhos escuros, batom nude para disfarçar os lábios cheios e carnudos e brincos e perfume discretos. Vestiu uma saia lápis preta na altura dos joelhos, com uma fenda na parte de trás, acompanhada de uma blusa de seda na cor pastel com botões na frente. E para finalizar usou sapatos de salto alto.Deu uma última olhada no espelho e ficou satisfeita com o que viu. A maquiagem combinava com a sua cor parda e ela se sentiu digna do cargo que ocuparia: assistente de vendas da Goldacci, a maior e mais bem conceituada indústria farmacêutica da Itália.Assim que desceu do taxi na frente do prédio luxuoso lembrou que não havia tomado o café da manhã. Dirigiu-se para uma lanchonete no térreo e pediu um copo de suco de laranja. Na verdade, não estava com fome, mas tinha que forrar o estômago com alguma coisa para aguentar o nervosismo do primeiro dia, principalmente porque ela estava dois minutos atrasada.Pegou o copo de suco, passou pela recepção e se dirigiu para o elevador que estava aberto, pronto para subir. Correu até ele, mas assim que chegou à porta, sentiu um ruído estranho no sapato e uma pressão na perna direita. Tropeçou, o copo de suco voou e o líquido foi parar no terno do homem que estava dentro do elevador bem à sua frente. Ela congelou.Fixou o olhar no homem sem saber o que dizer, vendo o líquido amarelo escorrendo pela calça e pingando nos sapatos escovados e brilhantes. O homem a encarava com uma expressão indecifrável, sem se mexer do lugar, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, mas som algum saiu dela.Sentiu-se idiota e seu olhar esmiuçou cada detalhe do homem à sua frente. O terno feito sob medida combinava com a calça preta e os sapatos caros, o que o deixava extremamente admirável, mas o que lhe tirou o fôlego foi o rosto simétrico de queixo quadrado e de aspecto macho alfa, com cabelos pretos ondulados e olhos escuros e profundos. O homem era alto e forte, aparentando ter uns trinta e poucos anos, e era o cara mais lindo e sexy que ela já havia visto em toda a sua vida. Sua boca de contornos firmes formava um conjunto espetacular com o nariz retilíneo, finalizando em uma barba aparada e bem cuidada. Ele tinha uma beleza animalesca e selvagem.Daniela não conseguia nem piscar diante daquele encanto masculino. Tentou pedir desculpas, mas a sua língua parecia que estava colada na boca. Ela continuava em pé na porta do elevador, estática, impedindo-o de fechar.Viu o olhar examinador do homem percorrendo o seu corpo e se fixando nos seus pés, e foi então que percebeu que um dos saltos do seu sapato havia se quebrado. Quando deu um passo para trás, se desequilibrou e caiu sentada no chão do lado de fora do elevador. Sentiu seu rosto ficar vermelho. Que papel ridículo estava fazendo diante do homem mais elegante e bonito que já conheceu!Somente no momento em que o elevador estava fechando para subir percebeu que havia outro homem ali dentro, na extremidade direita e que estendia um lenço para o senhor elegância. Era o seu segurança.***Chegou à sala do seu chefe trinta minutos atrasada, pois teve que comprar sapatos novos. Deu uma batidinha leve e entrou. Francesco Giordani era um homem de meia idade, magro, com início de calvície e nariz curvado para baixo, o chamado “nariz de tucano”.Ele apontou para uma cadeira posicionada diante de sua mesa de vidro e esperou que ela se sentasse.— Bom dia! — Daniela o cumprimentou timidamente.— Atrasada já no primeiro dia — o chefe falou, batendo a ponta da caneta sobre a mesa.— Desculpe, é que aconteceram tantas coisas desde que acordei hoje pela manhã...— Tudo bem, tudo bem! Mas que isso não se repita.— Eu prometo!Francesco sorriu e Daniela se sentiu à vontade.Ele era o gerente comercial da Goldacci Indústria Farmacêutica e braço direito de Antonino Goldacci, o dono de todo aquele império. Sua função era gerenciar a equipe de vendas e criar ações para aumentar os lucros da empresa. E Daniela seria sua assistente. Ela o conheceu no primeiro dia da entrevista, depois que conversou com a psicóloga do setor de Recursos Humanos. Ele entrou e a cumprimentou, depois ofereceu cappuccino e saiu.Voltando a ficar sério, Francesco pegou uma folha de papel digitada, leu, depois voltou a olhar para Daniela.— Daniela Rivera, 24 anos. Nascida no Brasil, natural da Bahia.— Sim — ela confirmou a informação.— E então, já conhecia a Itália?— Não!— O que a trouxe aqui?— Perdi minha mãe recentemente. Ela era italiana, mas sempre morou no Brasil. Como eu não tinha mais ninguém no Brasil quis conhecer a terra natal da minha mãe. Sabe, lá não dava mais para mim. Eram muitas lembranças.— Entendo. Mas, está gostando da Itália?— Muito! Tudo aqui é tão lindo!— Já arrumou um lugar para morar?— Sim. Estou morando numa pensão, por enquanto.— Imagino que já deva ter falado sobre sua experiência profissional na entrevista com o pessoal do RH, mas eu gostaria que me contasse sobre o seu trabalho no Brasil.—Trabalhei durante seis anos como assistente de vendas numa Distribuidora Farmacêutica.— Tão jovem e com tanta bagagem!— Na verdade eu comecei como jovem aprendiz e acabei ficando. Foi o meu primeiro e único emprego.— Suponho que já conheça os produtos da Goldacci.— Sim. A maioria deles é para problemas cardíacos e pressão arterial: anlodipino, captopril, carvedilol, amiodarona...— Muito bem! E o que você fazia exatamente? Qual era a sua função?— Atender vendedores externos, organizar reuniões de lançamentos de medicamentos e dar suporte ao setor de vendas interna.— Pois é exatamente isso o que você fará aqui. Com a diferença de que não estará trabalhando para várias empresas, mas apenas para uma, a melhor! Seja bem-vinda à Goldacci Indústria Farmacêutica! — Francesco levantou e apertou sua mão.— Obrigada! — Daniela ergueu o corpo e segurou sua mão com um sorriso no rosto.Francesco deu a volta na mesa, colocou a mão no ombro de Daniela e os dois se dirigiram para a porta.O primeiro dia de trabalho foi mais voltado para as apresentações. Daniela visitou uma sala enorme onde funcionava o call center da empresa. Havia cem cabines ativas funcionando em quatro turnos, durante vinte e quatro horas.Ela fez um pequeno discurso para o pessoal do setor, falando sobre a sua função e deixando claro que iria trabalhar com as equipes de vendas interna e externa dando o auxílio necessário e contribuindo para o crescimento das vendas.***Assim que chegou à pensão naquela noite, subiu para o quarto, tomou um banho rápido e jogou-se na cama, cansada. Olhou a imagem na tela do celular e não conseguiu segurar as lágrimas que desceram sem controle. Na foto estavam ela e sua mãe numa selfie tirada na praia. Ainda não conseguia acreditar que perdeu a pessoa mais importante da sua vida.Foram oito anos de hemodiálise à espera de um transplante que não chegou a acontecer. E ela, Daniela, queria que a mãe ainda estivesse viva para continuar cuidando dela e ter o seu afago, o seu carinho antes de dormir. Contava os dias nos dedos: há noventa e dois dias sua mãe falecera.Por dedicar-se integralmente à mãe enferma, Daniela não tinha vida social. As colegas da faculdade tiravam sarro dela por ainda ser virgem. Mas desde que descobriu que sua mãe estava doente vivia apenas para ela, acompanhando-a na hemodiálise e cuidando da sua alimentação. Só não abandonou a faculdade de propaganda e marketing porque sua mãe não permitiu e Daniela sabia que ela sofreria se soubesse que a filha havia abandonado os estudos.Nesse período teve alguns namoradinhos, coisa sem importância. Até que conheceu Rafael e namoraram durante oito meses. Mas foi um relacionamento cheio de problemas porque ele não aceitava o namoro sem sexo, eles brigavam muito e ela acabou terminando com ele. E foi a melhor coisa que fez.Adormeceu com as lágrimas molhando o travesseiro e sonhou. Estava no hospital, levantou da cama e se olhou num grande espelho. Estava desfigurada.Acordou gritando, molhada de suor. Pulou da cama e correu até o espelho da cômoda. Depois de ver que o seu rosto estava perfeito, respirou aliviada e voltou a deitar.Cinco anos depois.Rodando na cadeira giratória de Antonino, na nova filial da Goldacci Indústria Farmacêutica, Enzo, agora com nove anos, balançava as pernas e sorria. Quando desceu da cadeira estava tonto. Antonino apareceu na porta, atravessou o cômodo e guiou o filho até a enorme parede de vidro. Era sábado e ele havia passado apenas para pegar alguns documentos. O prédio estava quase deserto; só uns poucos funcionários trabalhando. Ficaram olhando a rua lá embaixo e Antonino virou-se para Enzo e disse:— Tudo isso aqui vai ser seu um dia. — Verdade, papai? Eu vou ser assim como você? Vou ficar palestrando para um monte de pessoas dentro de uma sala fechada? — o garoto perguntou com empolgação.Antonino riu e passou a mão pelo cabelo do filho bagunçando os fios, enquanto Enzo lhe fazia uma pergunta atrás da outra. Fisicamente Enzo era muito parecido com ele, tinha os mesmos cabelos escuros e lisos de fios grossos e a sobrancelha cheia.Durante toda vida Antonino amara aquele lu
Seis meses depois— Você está maravilhosa, amiga! Lindíssima! — Foram as palavras de Valentina para Daniela no quarto, enquanto terminava de vesti-la.Estavam na casa da ilha. Daniela terminando de se preparar para o casamento. Antonino já estava no terraço, com os convidados. Ele havia escolhido Franco como padrinho e Daniela escolheu Valentina como madrinha.Diante do enorme espelho pregado na parede Daniela se examinava. Ela usava um vestido vintage, modelo coluna apertado da melhor renda marfim. O seu cabelo foi penteado em um coque no alto da cabeça e tinha alguns fios caindo pelo pescoço e colo.— Para de chorar! — Berrou Valentina carinhosamente.— Eu não consigo. Acho que o rímel está querendo escorrer.— E se escorrer você vai ficar feia!— Obrigada, Tina. Você é a minha melhor amiga e eu te amo.— E eu vou te odiar se você não parar de chorar!— Sabe o que eu queria agora, Tina?Valentina parou e perguntou:— O quê? — Eu queria que minha mãe estivesse aqui. Ela ia ficar tão
A primeira coisa que Antonino viu quando abriu os olhos foi um teto todo branco; em seguida viu um vaso de soro que pendia de um aparelho logo acima da sua cabeça. No primeiro momento não compreendeu aonde estava, mas sentiu uma mão quente segurando a sua, então olhou para o lado e lá estava Daniela sorrindo para ele. Ela parecia um anjo; estava tão linda com os cabelos caindo sobre os ombros! Antonino abriu a boca para falar, mas Daniela não deixou.— Xi! Não fale nada! Não se esforce! Está tudo bem. Você foi operado, as balas foram retiradas e o médico disse que por pouco uma delas não perfurou o seu pulmão. Foi um milagre.Ele fez um sinal com o dedo indicador para ela se aproximar e disse no seu ouvido:— Eu te amo.— Eu te amo também, Antonino Goldacci.Daniela acariciou o rosto dele. Mas de repente parou e fingiu estar muito zangada:— Eu te proíbo de fazer isso comigo, outra vez. — Não vai acontecer nunca mais. Eu prometo.Daniela estava se preparando para dar um longo sermão
Sentada no terraço, de frente para o mar vendo o dia amanhecer, Daniela não enxergava a beleza da natureza que se descortinava à sua frente. Seu pensamento divagava para longe; estava todo voltado para Antonino. Lutou muito consigo mesma para perdoar Claudina, mas enfim, depois que soube que a mulher ficou louca e tentou suicídio, teve pena. Agora, um mal pressentimento estava lhe sufocando como no dia em que sofrera o acidente.Não pôde deixar de lembrar da conversa que tivera com Antonino no dia anterior. Sentiu que ele estava nervoso e não precisava se esforçar muito para entender que algo muito ruim ia acontecer. Percebeu isso quando conversavam no quarto e ela foi até a janela e viu três helicópteros parados e vários homens armados, protegidos por coletes à prova de balas. Seus pensamentos foram interrompidos com a chegada de Rosa que veio chamá-la para o desjejum, mas Daniela não estava com fome. Saiu para caminhar na praia e foi muito longe andando com o pensamento solto, des
O barco encostou no píer e Vanessa Cabrera saltou usando um vestido preto muito justo no meio da coxa e sapatos de salto fino. Foi revistada pelo segurança que abriu a sua bolsa de mão encontrando apenas um batom e um celular e depois foi liberada.Enquanto procurava andar mais depressa em direção ao chalé, olhou ao redor e contou dez seguranças armados em pontos estratégicos da ilha. Um vento cortante e penetrante lhe açoitava o corpo; a seus pés, havia uma areia branca crepitante, rodopiante. Apesar de estar no verão, naquele horário às duas da manhã, a temperatura sempre caía e ela estava enfrentando o frio que lhe fustigava a pele.A ruiva caminhava sabendo que estava metida em uma grande confusão. À medida que se aproximava do chalé aumentavam os seus temores mais ocultos sentindo-se invadida por sentimentos de intranquilidade e impulsos estranhos que se agitavam dentro dela. Estava numa armadilha, sem escapatória para nenhum lado. E não havia nenhum meio de esquivar-se dessa sit
Antonino estava participando de uma conferência em São Paulo. Depois de mais de quatro horas numa sala fechada na semi-escuridão, assistindo vídeos cujo objetivo principal eram os milhões de dólares investidos, a reunião terminou e todos saíram da sala se espalhando pelos corredores. Antonino seguiu para o elevador já nas primeiras horas da noite e pouco tempo depois estava no quarto de hotel. Depois de tomar um banho demorado, digitou uma mensagem para Claudina e enviou.Uma hora depois estava sentado a uma mesa de canto do salão do andar superior do restaurante quando ela entrou na sua elegância costumeira, trajando calça de tecido escuro e blusa em tom pastel, usando salto alto cujo som ecoava pelo ambiente.Ela se sentou e foi logo dizendo:— Que convite inesperado!Antonino sorriu e disse:— Pois é. O Franco não pôde estar aqui hoje na conferência e eu odeio comer sozinho quando viajo.— Devo me sentir lisonjeada? — Claudina falou com sarcasmo.— Não seja tão emotiva; isso não c
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