Lilian
Tudo que aconteceu nas últimas duas semanas, tiraram a minha paz de espírito. Cheguei a ficar paranóica, rezando dia e noite sem parar até que aquele pesadelo acabasse, e acabou. Tão misteriosamente como ele havia aparecido ele desapareceu, nunca mais voltou e a energia passou a ser mais leve. Hoje, exatamente nesse dia completo 19 anos. 19 anos desde o momento em que minha mãe me deu a luz e me deixou com as irmãs, pelo menos essa é a história que eu sei. Quando criança eu me perguntava se minha vida teria sido diferente se meus pais me quisessem, se minha mãe não me abandonasse, horas depois ao meu nascimento. Eu não teria que crescer sozinha, passando de um orfanato a um em convento, sendo a única criança sem amigos, sem contacto com o mundo exterior, somente eu e os 3 conventos em que me mudei ao longo dos anos. Respirei fundo passando pela porta do quarto, segui pelo corredor até às escadas pronta para ir até a capela, nada melhor do que iniciar o dia e um novo ciclo com uma bênção. Observo algumas irmãs conversando e sorrio só de saber que logo eu terei as vestimentas iguais as delas, assim deixarei de ser uma noviça. — Lilian — A voz potente e autoritária da madre me chama, me virei e fiz uma pequena vénia cumprimentando ela. — Bom dia madre. — Onde vai tão cedo? — A capela. A senhora precisa de alguma ajuda, quer que eu faça algo? — Não, não, pode ir minha filha — Seu tom suaviza, porém sua expressão continua o habitual. — E Lilian... Feliz aniversário. — Obrigada, madre — Sorrio genuinamente feliz. A madre não é uma pessoa muito apegada a afetos, ela comanda o convento com os braços de ferro e raramente vemos um sorriso em seu rosto, mas saber que ela nunca se esquece e sempre procura me parabenizar, me deixa muito feliz. A mulher assentiu se retirando e sigo minha deixa indo diretamente para capela que fica somente a alguns metros do convento. Entrei no pequeno local encontrando silêncio total, como ainda é um pouco cedo as irmãs ainda não devem ter se preparado e o padre nem chegado ainda. Me ajoelho em frente ao altar segurando meu terço. — Eu nem sei se deveria estar aqui senhor, mas eu preciso de direções, preciso que o senhor me guie com a sua luz, para fora dos caminhos profanos que estão me tornando numa mulher pecaminosa. Livrai-me de todo o mal e faça ele cair por terra. — Meu anjo se ele estiver escutando suas preces, saiba que nada do que você está pedindo irá se realizar! — Foi como ouvir a voz da serpente, blasfemando, sussurrando em meu ouvido tentando me abater. — Você não é real! — Apertei o terço com tanta força e fechei os olhos como se isso fosse fazer ele desaparecer. — Demónio imundo e profano você não é bem-vindo na casa do senhor. — Isso deveria ser algum tipo de exorcismo ortodoxo, eu deveria me auto incenerar e desaparecer porquê você me chamou de Demônio imundo? — Ouço seus passos se aproximando de mim. — Além de mais eu sou de carne e osso. — Você não é real — Repeti e senti um puxão, leve porem firme, solto um grito e sinto a madeira em minhas costas me forçando a abrir os olhos e encontrar seu rosto proximo ao meu. Ele segura firme em minha cintura pressionando meu corpo contra o altar, seu corpo colado ao meu. Minhas pernas estavam abertas e separadas e ele parecia feliz se acomodando no meio delas. Arfei quando seus braços fortes e dedos grandes e calosos passearam pelo meu corpo. — Detesto te desanimar mas eu sou real, feito de carne e ossos — sussurrou, mantendo suas mãos em mim, possessivo — Eu nunca iria perder um dia tão especial para você meu anjo. Feliz aniversário piccola. — Quem é você e como sabe do meu aniversário? — perguntei, surpresa recebendo de volta um sorriso sarcástico. Ele passa a língua pelos lábios e meu olhar segue o movimento enfeitiçada, seus olhos parecem querer devorar a minha alma por inteira. — Quem eu sou não vem ao acaso agora, mas eu sei muito sobre você, dolcezza. Mas quero que você fale tudo sobre você, sem deixar escapar o mínimo dos detalhes, quero te conhecer melhor — Sua respiração abrandou tanto que fez meu coração quase travar, o que estava acontecendo comigo. Era aquele sensação que a Beatriz definiu como tesão, eu realmente estava acumulando ele a dias. — Por que isso parece tão certo? — Sussurrei me curvando para mais perto dele. Inspirei sua fragrância masculina, uma bomba de ocitocina, dopamina e serotonina, que me faz querer deitar em um campo de flores com ele vendo o por do sol de Toscana, eu nunca fui a Toscana deve ser muito bonito. — Me diga Lilian, você já esteve com algum homem antes? — Ele roçou a ponta do seu nariz no meu deixando nossas bocas a milímetros de distância, suas esferas escureceram. — Quero ouvir da sua boca que eu sou o único homem que tocou em você do jeito que estou tocando, o único sortudo por ter tido o privilégio de vê-la nua. O ar se tornou mais denso, e o clima mais quente, eu queria poder tirar minha roupa e perguntar para ele como fazer isso passar, o calor que cresce em meu ventre se espalha pelas minhas pernas, e sinto minha intimidade pulsar e algo molhado sair de dentro de mim. Era novo, e uma sensação muito boa. Automaticamente minha pernas se abriram mais, ele tocou na bara da minha túnica e a puxou para cima lentamente. — Você é o primeiro — estava ofegante e perdida nos prazeres da carne. Eu já havia ultrapassado o limite entre o certo e o errado, estava tão hipnotizada por ele que o não, não era uma opção, eu queria dizer sim, um milhão de vezes. — Eu já sabia mas precisava escutar pela sua boca! — Seu polegar tocou meus lábios e ele sorriu, abri a boca um pouco dando a ele o poder de colocar seu dedo e brincar com a minha língua. Havia algo no meio de suas pernas que parecia ser grande e grosso, eu já havia estudado a anatomia ao ponto de saber o que é mas minha curiosidade pedia por mais, ele roçou sua protuberância em meu centro encharcado e foi impossível conter os sons que saíram de minha boca — Isso é música para os meus ouvidos. Seus lábios tomaram os meus, ferozes como se ele estivesse faminto, eu não sabia o que fazer então segui os seus movimentos, envolvi meus braços em seu pescoço e ele aprofundou nosso beijo. Seus fios de cabelos eram tão macios que toca-los me deixava mais quente. Sua mão aperta a carne exposta da minha coxa quase em minha intimidade e e ele me manteve imóvel pela cintura e começou roçando mais rápido. — Deus. — gritei tapando minha boca quando ele se esfregou em mim, seus quadris estavam indo freneticamente e isso deixava ele mais bonito, selvagem. — Você fica linda quando geme. Ficará ainda melhor quando estiver gemendo em baixo de mim. — Ele segura meu queixo e levanta minha cabeça para que eu olhe em seus olhos — Minha. Você é minha Lilian. — Ele puxou o véu tirando ele da minha cabeça, meus cabelos caíram livres em cascata até minha cintura e ele tocou em algumas mechas e seu olhar reluziu. Meu coração acelerou e algo em mim chamou por ele novamente. — Meu Deus. Jesus, Maria e José! — A voz ressoou aterrorizada, como se estivesse precisando o fim do mundo. E foi naquele exato momento em que a bolha estourou, seu feitiço se quebrou e eu percebi o erro que acabei cometendo. — O que foi que eu fiz... — sussurrei tão baixo que nem ele foi capaz de escutar. Ele se afastou de mim e me carregou me colocando no chão, ajeitou o meu hábito e devolveu meu véu ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Assim que ele saiu da minha frente pude ver o quão ruim aquela situação toda erra. A irmã Catarina mantinha as mãos na boca em completo choque, e em sua trás todas as outras freiras olhavam para mim pasmadas. A culpa recai toda sobre meus ombros e abaixo a cabeça, mas não antes de encontrar os olhos da madre completamente decepcionada. — Pro meu gabinete. — Sua voz corta fria igual um chicote. Não consegui me mover, estava assustada, meu coração pesa e meu corpo treme. O que foi que eu fiz? — Madre eu... — Eu vi o suficiente Lilian. Agora vá para o meu gabinete! Ele entrelaçou nossas mãos e como que por magia, lentamente os tremores foram se apagando. Sinto as primeiras gotas molharem minha bochecha mas ele as apanha, e limpa antes que caiam no chão. — Não chore meu anjo. — Vá embora! — Eu não vou sem você, cara mia. A madre anda até nós em passos duros, como se carregasse toda a ira divina nela. — Você não é bem vindo no meu convento Bugatti. — Vai ter que ir para minha lista de lugares em que não sou bem vindo. — Ele me puxou para sua trás ficando em minha frente como se fosse um escudo. — Vamos Lilian. Não tenho o dia todo. — Ela ordena impaciente. — Lilian não vai a lugar algum. A não ser que venha comigo. — O senhor não possuiu poder dentro do meu convento! Da minha noviça cuido eu. — Cuidou tão bem a escondendo do mundo que ela acabou quase gozando só com um beijo e teria gozado se vocês não tivessem interrompido nosso momento? As expectadores cochicham surpresas olhando para mim com nojo e repulsa me fazendo encolher mais e me proteger atrás dele, aperto sua mão pedindo socorro, meus olhos implorando para que ele me tire dali. Eu manchei a honra da madre, eu manchei a minha honra. — Ela está segura aqui comigo. Longe de homens como você. — Ficará mais segura comigo, não se preocupe madre. Eu cuido muito bem do que é meu. Olhei para madre e encontrei ela me encarando de volta e pela primeira vez na vida ela pareceu reconsiderar. — Lilian? — Eu sabia que ela estava pedindo minha opinião sobre o assunto. — Madre, eu ... — Olho para todo mundo realizando que se eu ficar, mesmo que eu me torne uma freira a sombra desse dia irá me perseguir pela vida inteira — Me perdoa madre. — Se é isso que você deseja. — Ela sai da frente abrindo caminho. — Se cuida criança, espero que saibas com quem estas lidando. — Venha meu anjo, vamos para nossa casa. — Ele beija as costas da minha mão sorrindo.