Capítulo 04

Lucian

Eles dizem que os opostos se atraem, e aquele ditado nunca esteve errado. Ela era o completo oposto de mim, toda bondade que não havia em mim, eu senti nela, e eu a queria. Havia algo em seus olhos, enterrado e adormecido nas profundezas da sua alma, algo sombrio que clamava por libertação.

Acho que eu estou apaixonado. Obcecado... desde o primeiro instante em que meus olhos a viram. A mais perfeita das criações divinas.

Ela era peculiar, quando me olhava... seus olhos tremiam de pavor e desejo. Era como se sua alma gritasse alto por mim, um vibração que os dois sentíamos. Era predestinado, cruel e sombrio.

Lilian mantinha a cabeça baixa. Talvez se perguntado sobre as suas escolhas prévias. Talvez não. Mas ela não havia aberto a boca para falar desde que deixamos os limites do convento.

Sua ingenuidade era uma desvantagem para ela, mas um grande vantagem para mim. E eu usaria cada pedaço dela até que ela esteja completamente a minha mercê. Até que tudo na vida dela seja resumido a mim.

— Você me lembra alguém. — Toquei em seu queixo, levantando sua cabeça para que ela olhasse para mim — Alguém que eu quero matar!

Ela arregalou os olhos e senti seu corpo se arrepiar. Havia um brilho diferente em suas esferas naquele momento, um que pedia por amparo. Afinal de contas ela era somente uma garotinha perdida num mundo diferente para ela.

— Não se preocupa. — Passei o polegar em seus lábios macios — Eu não vou te matar.

Seria um desperdício do útil e agradável, acabar com a vida de uma criatura indefesa enquanto minha alma se sente entretida por ela.

Mas não menti quando disse que seus olhos me lembram alguém. Ela possui os mesmo traços em seus olhos que os do homem que destruiu a minha vida. Quanta coincidência.

— Você vai me deixar sozinha? — murmurou, finalmente falando algo.

— Descanse um pouco meu anjo. — Beijei sua testa e seus lábios se curvaram em um sorriso fraco — Volto já!

Ela assentiu e acaricicei seu rosto por mais alguns segundos, me negando a sentir falta do seu calor.

Deixei ela sozinho para que tivesse tempo de assimilar tudo que aconteceu e segui pro meu escritório, já sabendo que ela estaria me esperando.

— Cuidado... — Me desviei de um dos seus punhais que ela arremessou em mim, mas falhou e acabou acertando na porta. — Seus brinquedos são perigosos.

Peguei o punhal do madeira e bufei irritado, agora minha perfeita porta de carvalho polida estava danificada.

— Você ficou maluco? — trovejou, seria girando a outra lâmina em seus dedos.

— Defina essa palavra para mim por favor. — Joguei seu brinquedo na mesa e ela arremessou o segundo irritada.

Apanhei o punhal com as mãos a centímetros do meu rosto. Sorri mesmo sabendo o motivo do porquê ela estar tão nervosa.

— Esqueceu que foi eu quem te ensinou a usar uma faca? — falei, limpando o pequeno corte com o lenço que sempre anda em meu bolso.

Ela revirou os olhos e se levantou da minha cadeira. Tirei meu casos e me sentei.

— O que você vai fazer com aquela garota?

— Já falei para você parar de me seguir Saito!

— Eu notei seus olhares naquela noite e eu sabia que você não deixaria aquela freira em paz.

— Noviça.

— O quê?

— Ela é uma noviça, não freira. Bom era uma noviça.

— Você me prometeu nunca magoar mulheres inocentes.

— Eu não fiz nada demais, ela veio sozinha por livre e espontânea vontade.

— Ninguém é tão ingénuo a ponto de largar tudo e seguir uma vida com vo... — Ela não terminou de falar, sua expressão se tornando neutra — Você fez a cabeça da garota!

— Você mais que ninguém deveria saber que eu não possuo códigos morais.

— Por um momento eu me esqueci que você é o mestre das manipulações. — ironizou, ela bateu na madeira indignada. — Ela é só um garoto Lucian.

— Eu não sou um monstro, Saito.

— Porquê você sabe ser pior. — Ela respirou fundo, recolhendo forças para continuar — O que você vai fazer com ela... obrigar a pobre coitada a se casar com você?

— Brincar de casinha com ela é que eu nao irei. — deixei claro, e ela só bastou meter uma bala em meu crânio.

— Ela é jovem de mais para você!

— Lilian é maior de idade em todos os países, incluindo Itália.

— Não destrua a inocência dessa garota, não puxe ela para o seu abismo. Lilian não merece passar por isso, você mais do que ninguém sabe. Deixe ela seguir deu próprio caminho.

Ela súplicou seus olhos deixando transparecer toda dor que ela viveu nos anos em que esteve presa a Yakuza.

— Eu não sou igual a eles Kira. — falei sendo sincero e olhei para a falta de seu dedo indicador na mão esquerda, o preço a pagar ela liberdade. — Eu nunca machucaria Lilian.

— Você nunca a machucaria. — Ela solta uma risada nasal descontente. — Cedo ou tarde você irá destruir ela.

— Ela está mais segura comigo, do que estaria se ainda estivesse naquele maldito convento. Eu posso protegê-la.

— Você pode protegê-la de tudo. Mas você consegue proteger ela de você mesmo?

Aquela seria uma resposta difícil de responder. Nada que vinha de mim era bom, eu era ímpio e não merecedor de piedade, mas quando eu olhava para ela, a vida ganhava uma esperança.

— Se você magoar ela... — Ela se inclinou para frente e me olhou fundo nos olhos — Vou fazer com que você nunca mais a encontre. É uma promessa.

— Lindo gesto de solidariedade. Mas nós os dois sabemos que minha benevolência tem um limite, não queira ultrapassar esse limite, senhorita Saito!

Ela ficou em silêncio divagando em suas memórias. Eu poderia ter lutado e pago uma grande quantia para anular seu casamento com umas das famílias da Yakuza, mas isso não significa que eu não acabaria com a existência dela se ela cruzasse o meu caminho.

— Em vez de ficar se preocupando com a minha futura esposa. — Tirei os olhos da tela para deixar meu ponto bem claro a ela — Faça seu trabalho direito. Quero saber porquê tinha russos rondando Calábria.

— Eu faço meu trabalho direito.

— Tem certeza? — perguntei, fechando o computador. — Sabe quantos eu matei? Claro que não.

— Onde estão os corpos?

— Eu faço meu trabalho direito, Saito. Agora vá e passe pente fino em todo o convento, todas as freiras principalmente na madre e uma ruiva.

— E a sua noiva? — Sua voz pesou ao mencionar minha futura esposa.

— Faça o que eu te mando.

Ela não disse mais nada e se retirou carregando consigo todo o seu ressentimento pelas minhas escolhas.

Havia muita coisa de errado com aquele convento. Duas garotas que me lembravam dois dos meus maiores aqui-inimigos.

Voltei pro quarto com a mente a mil e encontrei ela, pendurada sobre o batente da sacada, seus cabelos esvoaçando com o vento e naquele instante todos os problemas pareceram insignificantes. Ela ainda não havia notado a minha presença, os pássaros no céu pareciam a entreter mais.

— Posso saber o que tanto atrai a sua atenção? — perguntei me aproximando dela. Ela tomou um susto e se desequilibrou, meu corpo reagiu mais rápido que minha mente, envolvendo meus braços em sua cintura — Você não deveria se inclinar tanto sobre a sacada.

— Obrigada... — agradeceu, tímida e se virou novamente olhando para as aves.

— Gostou delas? — Mantive minhas mãos em sua cintura.

— Aqueles são Pardais, passer domesticus. — Ela apontou pro céu — Aquele mais pequeno é uma fêmea, está vendo com a pelagem dela é uniforme, diferente da do macho?

— Vejo que você gosta de pássaros. — comentei e ela sorriu.

— Eu não saia muito então tudo o que eu poderia fazer era ler. A natureza é linda.

— Tão linda quanto você, dolcezza. — suas bochechas ganharam uma coloração mais avermelhada e ela olhou para baixo envergonhada — Você não respondeu a minha pergunta, gostou deles?

— Eu gosto, são tão lindos.

— Posso caçar para você!

— O quê? Não. — Ela abanou a cabeça em negação — Eu somente gosto de observar, eles são mais lindos quando estão livres.

— Você não gosta de gaiolas?

— Quem gosta?

— Eu acho que coisas bonitas merecem estar em uma gaiola para que elas nunca fujam. — virei seu corpo para mim e toquei seus lábios — Você é bonita. Perfeita.

Tomei seus lábios lentamente para não assusta-la e aos poucos ela foi cedendo, desajeitadamente imitando meus movimentos.

— Vá tomar um banho, precisamos sair. — Separei nosso beijo com um selinho.

— Para onde vamos? — perguntou, ofegante.

— Para minha casa. — Coloquei uma mecha de seus longos cabelos negros atrás da orelha. — Nossa nova casa.

A casa de daqui em diante seria sua gaiola, e eu seu mestre. Meu pequeno anjo, minha captiva. A mulher que acorda os meus instintos mais mortíferos.

Eu seria a sua ruina e sei recomeço.

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