Antonella
Viajar com Alonzo sempre foi um desafio. Ou era o silêncio absoluto, carregado de pensamentos demais, ou era um olhar dele que dizia tudo sem dizer nada.
Dessa vez foi diferente. Ou pior. Ou melhor. Dependia da forma como meu coração interpretava.
Era uma viagem de negócios para Montreal. Dois dias. Bellini-Karvell precisava de novas negociações com investidores canadenses e eu era a responsável pela apresentação. Alonzo, como Ceo, conduziria as reuniões principais. Viagem profissional. Hotel cinco estrelas. Dois quartos separados.
— Vocês são o casal mais disciplinado que já vi — disse a recepcionista, sorrindo. — Sempre chegam juntos, mas reservam quartos separados.
Eu sorri de volta, e Alonzo apenas respondeu com um olhar neutro, mas com um traço de ironia.
Do lado de dentro do elevador, ele olhava para frente. Eu também. Mas o ar mudava. A roupa parecia incomodar. A respiração falhava.
Eu sentia o cheiro do perfume dele. Amadeirado, intenso, masculino. O tipo de perfume