Antonella
A frase ecoa na minha cabeça como se tivesse sido gritada dentro de uma sala vazia.
— “Antonella… você está grávida.” — O eco na mente me deixa confusa. — “Grávida… grávida. Você está grávida.”
Eu não respondo. Não pergunto nada. Não respiro. Só fico ali parada, olhando para o papel sobre a mesa como se fosse uma sentença ou um bilhete deixado por alguém que eu nunca quis reencontrar.
A médica continua falando, mas minha mente se cala.
Grávida.
Grávida.
Grávida.
Como se a palavra tivesse um peso tão grande que minha alma não soubesse onde encaixar. A doutora vendo meu estado de completo choque liga para minha avó vir me buscar.
Quando finalmente entro no carro, minhas mãos tremem tanto que mal consigo colocar o cinto. Minha avó fecha a porta com cuidado, como se eu fosse vidro prestes a estilhaçar.
— Meu amor… fala comigo. — ela pede, virando-se no banco.
Eu encaro minhas mãos, incapaz de olhar qualquer outra coisa. A voz sai fraca, arranhada.
— Vovó… eu… eu não quero esse