Javier
Encostei na poltrona do escritório, com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira e as mãos cruzadas diante do rosto, encarando fixamente um ponto invisível. A cena do pátio ainda estava fresca em minha mente, mas não era o sangue ou o som dos tiros que me incomodavam. Era Camille.
Sabia que Marco lidaria com a confusão do carregamento e encontraria uma maneira de reverter o prejuízo. Era eficiente, sempre foi. Ele lidaria com o comprador, daria uma explicação aceitável e acertaria os detalhes necessários para garantir que algo assim não acontecesse novamente.
Mas eu não podia simplesmente delegar Camille a alguém.
Ela havia visto mais do que deveria, mais do que eu jamais quis que ela visse. Enquanto eu estava no meio do caos, sentia sua presença como uma chama tímida atrás de mim, e quando me virei, vi o olhar dela.
Aquele olhar.
Era um misto de horror, incredulidade e... decepção.
Soltei um longo suspiro, passando as mãos pelo rosto. Como eu poderia explicar? Como poderia