Camille
Cada semana, sem exceção, o médico vinha.
Ele era sempre o mesmo, com seu olhar clínico e a maneira fria de me tratar, como se minha condição fosse apenas um número em sua prancheta. Não importava o que eu pensava ou sentia. O que importava era o número de semanas que se passavam, o ritmo do meu corpo, o desenvolvimento do bebê. Ele nunca perguntava se eu estava bem, se eu estava feliz. Ele nunca se importou com o que eu pensava sobre o lugar onde estava ou o homem que me mantinha prisioneira.
Toda segunda-feira, ele batia na porta com a mesma pontualidade, e eu o recebia, sabendo exatamente o que viria: a medição da barriga, o exame dos batimentos cardíacos do bebê, e nada mais. Javier sempre estava perto, não me deixando sozinha, observando cada movimento com o olhar de um vigilante.
Ele acreditava que isso era proteção. Eu sabia que era controle.
— Como está se sentindo, Camille? — o médico perguntava, sua voz monótona e impessoal, como se repetisse a mesma frase para todas