*Ponto de vista de Kevin*
Patrícia pediu que a orquestra parasse e então se posicionou no mezanino no segundo andar, enquanto isso eu ordem aos meus homens que mantivessem todos no primeiro andar e não deixassem ninguém mais subir além de mim, Nicholas e Alana, que Patrícia havia pedido para estar lá com ela, Lane preferiu ficar com Gustavo já que precisaria dar muitas explicações quando ele soubesse a verdade.
-Boa noite a todos, espero que estejam aproveitando a festa, peço um minuto de sua atenção para fazer um anúncio importante.- A voz de Patrícia ecoou no salão e todos se reuniram onde fosse possível vê-la.
-A maioria de vocês me conhece como Patrícia Magli e eu sou, mas não por ter me casado com Hector, Dom Luiz adotou Hector ainda bebê para substituir uma criança que havia perdido, no entanto anos depois a encontrou, eu sou a verdadeira filha biológica de Dom Luiz.
Em meio à muitos oh! E muitas tentativas de perguntas da imprensa Patrícia continuou com confiança:
-Eu sou Patrícia Magli e a verdade é que…EU SOU A CONDESSA DE MONTEBELLO. Amanhã darei uma coletiva à imprensa, por agora aproveitem a noite, foi preparada uma surpresa no jardim, peço a todos que se encaminhem até lá logo que terminarmos os anúncios da noite.
-E ainda tem mais? - Alguém gritou perplexo.
-Boa noite a todos- Falei me aproximando e colocando a mão nas costas de Patrícia que estremeceu levemente.- Para quem não me conhece, sou Kevin Azevedo e gostaria de anunciar antes que algum oportunista apareça, que a Condessa Patrícia de Montebello é minha noiva. - olhei para Patrícia, ela olhou diretamente nos meus olhos então agi completamente sem pensar, dando aquele beijo que tinha ficado na vontade no escritório.
Patrícia correspondeu com a mesma intensidade, era um beijo que deixava claro para quem duvidasse que estavamos juntos, foram apenas 5 segundos mas foi o bastante para atrapalhar o acordo de manter alguma distância entre nós, agora que haviamos experimentado essa sensação, precisariamos conviver com todos os sentimentos conflitantes que ela trazia.
Alana deu sinal para a equipe encaminhar a todos para o jardim antes que a chuva de perguntas reiniciasse, enquanto isso, Patrícia e eu acordamos pra realidade e começaram as desculpas...
-Creio que fomos bem convincentes- falei tentando evitar de olhar Patrícia nos olhos novamente já que eles sempre me hipnotizavam.
-Sim, foi uma boa jogada, vamos por aqui, aparecer na sacada para ver o show de fogos, depois quero te apresentar algumas pessoas importantes.
-Certo…-Parei de repente, não dava para ignorar o incômodo que estava sentindo- Patrícia?
Ela parou no corredor e olhou para trás
-Sim Kevin.
-Me desculpe, eu agi por impulso, não vai acontecer novamente.
-Somos adultos, eu consenti, está tudo bem, acredito que foi importante para o plano também.
-Sim, é verdade… A propósito, vão nos observar na sacada, o que você tem em mente?
-Quem sabe nos abraçamos para olhar os fogos, acho que é o que casais fazem né?
-É, acho que sim, é que não sou o melhor improvisando.
-Não me pareceu nada mal agora pouco - Patrícia falou baixinho e com um sorriso malicioso.
Não respondi mas devolvi o sorriso, depois fiquei pensando no que mais gostaria de improvisar, especialmente quando parei ao lado de Patrícia na sacada, e a vi pelo canto dos olhos mordendo os lábios. Mas então o celular dela tocou, e era uma chamada de vídeo de Vinícius, seu ex marido e pai do seus filhos, o cara conecido como "homem de ferro brasileiro" só pelo seu carisma e inteligência.
-Eu pensei que vocês não tinham contato, não foi o que você me disse?- Falei um pouco mais contrariado do que gostaria de admitir.
-E eu pensei que meu noivo não fosse tão ciumento… Faz mais de um ano que não falo com ele, mas ele deve ter visto as notícias…os fogos vão começar, depois eu retorno à ligação e eu gostaria que você estivesse comigo.
-Tudo bem. - Respondi ressentido, depois daquilo consegui voltar a ser o homem frio de antes, Patrícia me abraçou como haviamos combinado mas consegui me manter frio, pelo menos até o momento quase no final dos fogos quando o vento bateu e eu senti o perfume de seus cabelos… Aquele já não era o perfume de Emily, era um aroma muito peculiar que vinha dos cabelos de Patrícia e por um breve momento aproximei para cheirar e depois dei um beijo na cabeça dela.
Patrícia se afastou logo em seguida, ficou nas pontas dos pés e me deu um selinho. Eu era um tanto mais alto do que ela.
-Agora estamos empatados, eu também improvisei.- Ela disse entrando para a sala.
-Se continuarmos improvisando creio que teremos problemas, Condessa. - Falei com voz rouca.
-Então vamos seguir um plano, Sr Azevedo, não podemos perder o foco. - Disse mais uma vez mordendo os lábios.
-Assim fica difícil, não faz isso garota. - Eu disse baixinho pensando que ela não ouviria uma vez que já estava na porta da sala, e já de saída.
-Ok- voltou Patrícia- isso está ficando complicado de uma forma que não imaginei. Aquele beijo despertou algo em mim que não deveria.- Ela simplesmente confessou, jogando essa bomba para mim.
-Você fez isso comigo também. Sinto que não tenho controle e se não pararmos agora, não sei se vou conseguir parar.
-Isso não era pra acontecer.- Patrícia sussurrou se aproximando um pouco mais e com a respiração um tanto pesada.
-Bom, eu sou homem, você mulher, tecnicamente é assim mesmo, se tem química, uma hora o desejo acaba aparecendo e somos adultos…- eu disse passando a mão pelos cabelos ruivos de Patrícia e pousando-a em sua nuca.
O celular de Patrícia toca novamente, me afastei visivelmente frustrado e ela atende a chamada de vídeo.
-Você está maluca Patrícia? Como faz isso sem me consultar?- Vinícius esbravejava do outro lado da linha.
-Escuta aqui Vinicius, faz praticamente um ano que nem conversamos e você queria que eu te pedisse permissão pra contar a verdade?- Dava para ver que Patrícia não podia acreditar no que ouvia.
- E esse noivado? Faz quanto tempo que você está com esse cara? Parecem bem íntimos né… porque tudo isso agora? Você quer provar alguma coisa pra mim?- Vinícius provocou.
- E porque você se incomoda? Não te devo satisfação nem preciso provar nada, nunca precisei… você que está fazendo cena.- Ela estava muito irada e tive uma pontinha de satisfação, devo confessar.
- Não esqueça que tem dois filhos, você deve satisfação sim, tá largando eles pra sair com um ricasso, né?
- Você tá bêbado Vinicius? Tá maluco? Nunca dei motivos pra você questionar minha integridade ou meu cuidado com as crianças, que aliás eu crio sozinha. Mas só pra você saber, eu vim a público hoje porque sequestraram minha irmã pensando que fosse a Condessa.
- Sinto muito, então é tudo uma mentira? Esse cara também?
-Porque? Era pra eu ficar esperando você terminar de curtir a vida e decidir voltar?
- Não mas…é cedo pra um noivo não acha?
- Vinicius, o Kevin é um homem de verdade, não um menino que não sabe o que quer, você mesmo disse, temos bastante intimidade…e vou me casar com ele sim.
- Nem sei porque liguei, tchau Patrícia
- Você ligou porque não suporta saber que eu estou feliz ao invés de estar chorando pelos cantos por você. - Patrícia desligou.
-Você está bem? - Perguntei agora mais tranquilo depois de constatar que Patrícia realmente não tinha interesse em Vinicius e de ouvir a forma como Patrícia tinha se referido a ele.
-Sim, so estou muito irritada.
-Patrícia, precisamos tomar cuidado, eu estava a um passo de estragar tudo só pra ter você. Se isso acontecer, as coisas vão ficar estranhas entre nós, vai atrapalhar nossos planos.
-Você está certo, não podemos nos mover pelo desejo que sentimos, mesmo que seja como um trem desgovernado.
-Um trem desgovernado? É sua melhor metáfora? - Eu ri da rituação mas também de nervoso porque era exatamente o que parecia.
-Você tem uma melhor?
-Acho que não, parece mesmo um trem muito doido, precisamos estar no controle.
-É só não chegar muito perto e fica tudo tranquilo.
-Perto quanto?- Dei um passo na direção dela.
-Eu não sei quanto… sei que tem uma distância segura que deveríamos manter.
-Podemos evitar ficar sozinhos também.- Eu disse
-É uma ótima ideia, então vamos- Patrícia pegou na minha mão para me puxar para fora daquela sala mas eu a puxei para mim.
-Só uma despedida…- eu a abracei forte, cheirei novamente seus cabelos, dei um beijo em seu pescoço e fui em direção à seus lábios, e ela nem tentou resistir mas então foi o meu celular que tocou.
-Mãe?- Me afastei só o suficiente para atender a ligação- Ah sim, me desculpe, era um segredo, sim, vou levá-la, não precisa mãe, não…não mãe… tá, tudo bem, eu vou dizer a ela.
-Que cara é essa Kevin?- Patrícia perguntou confusa
-Minha mãe, eu esqueci que ficaria sabendo pela mídia sobre nós, agora quer conhecê-la.
-Tudo bem Kevin, eu vou com você.- Patrícia disse.
-Você não está entendendo… ela não pode saber que é mentira, ia acabar com ela, esta querendo até planejar uma festa por causa do nosso suposto noivado.
-Sinto muito, também nem pensei nisso. Vou ter que responder muitas perguntas dos meus pais.
-Preciso que minha mãe acredite que é uma relação real.- Eu falei.
- Vamos fazer isso então.- Ela concordou sem problemas.
Sou o Kevin Azevedo, conhecido como CEO das empresas da minha família, multimilionário e recluso. Há anos não converso com muitas pessoas além do meu irmão e assistente pessoal Nicholas, ele faz esse meio de campo entre eu e as demais pessoas para eu não precisar falar com ninguém mais, até porque não confio em ninguém... talvez na minha mãe Agatha e eu confiava na Catarina, minha mentora desde a adolescência, mas ela também se foi, não cheguei a tempo de salvá-la, foi envenenada por uma espiã inimiga. Aliás, esqueci de mencionar... sou um espião. Na adolescência, Catarina viu potencial em mim quando todos só viam problemas comportamentais, ela me recrutou para uma escola de gênios na Europa, que mais tarde descobri ser uma escola que ela mesma havia fundado e que treinava agentes secretos para trabalhar em um setor também secreto dentro da ONU. As pessoas se formavam naquela escola e retornavam à vida normal, eram cozinheiros, modelos, enfermeiros, médicos, artistas... não havia uma
– Quem é ela? – perguntei, mantendo meu olhar fixo na mulher ruiva.– Ela? Qual "ela"? Estamos cercados de mulheres. Aliás, é novidade você prestar atenção em qualquer uma – respondeu Nicolas, visivelmente surpreso.– Isso porque são todas superficiais, interesseiras ou mesmo insuportáveis – retruquei de forma direta.– Sei... Mas então, qual "ela" não é tudo isso? – disse ele, percebendo a direção do meu olhar. – NÃO CARA! Depois de dez anos sem nem olhar pra ninguém, você enxerga justo ela? Esquece.– Eu perguntei QUEM É ELA – reforcei, meu tom agora nada amigável.– Patrícia. A mulher mais inacessível do país nesse momento.– Ah, não percebi que era casada.– Não é, mas é ex-mulher do Hector Magli e mãe dos gêmeos do Vinicius Brown. Entre os dois relacionamentos, ela acabou com os negócios de Dom Luiz e destruiu metade do crime organizado de Minas Gerais.– E o que a torna inacessível?– Ela é mãe solteira de gêmeos, empresária, e está metida em algo obscuro que nem eu consigo ente
– Então você é a Condessa – falei, mantendo meu olhar fixo em Patrícia, tentando captar qualquer reação.– Sim – respondeu ela, sem hesitar.Eu respirei fundo, ponderando por um momento antes de perguntar:– Vai me explicar isso? Como é que Dom Luiz deixou a herança para você depois de você acabar com os negócios dele?Patrícia suspirou, mantendo a compostura.– Esse é outro assunto complicado. Prefiro que você mesmo leia a carta que ele me deixou – disse ela.– Tudo bem, onde está? – perguntei, com o tom mais seco do que o necessário.Ela se virou, caminhando até uma gaveta próxima. Com movimentos precisos, tirou uma carta cuidadosamente guardada e a estendeu para mim. Peguei o papel, mas ao invés de ler imediatamente, fiz questão de começar em voz alta. Queria observar cada mudança em sua expressão enquanto eu lia. Esse era o meu jogo, e eu precisava entender exatamente o que estava acontecendo ali."Mia Bambina Patricia,Sinto ter partido sem termos conversado pessoalmente, mas sai
– Lembra que eu disse que estava procurando pela Condessa? – comecei, encarando-a.– Sim – respondeu Patrícia, com calma.– Se você sabe quem sou, também sabe que preciso manter as aparências. Além disso, preciso me unir a pessoas poderosas para resolver algumas questões pendentes.– E o que isso tem a ver comigo? – ela perguntou, levantando uma sobrancelha.– Você já disse o que precisa desse acordo. E o que eu preciso é da sua cooperação.– De que forma? – insistiu, desconfiada.– Um casamento – declarei, sem rodeios.Ela riu alto, me pegando de surpresa.– Desculpa, achei que tinha ouvido você dizer casamento – respondeu, ainda com um sorriso debochado.Senti a irritação subir. Que mulher não ia querer se casar com um homem como eu? Só estava sozinho porque queria. Mantive minha compostura.– Eu disse. Mas não fique convencida, são só negócios.– Convencida? – ela repetiu, indignada. – Você acha que está me fazendo uma grande proposta, né? Por que motivo acha que eu ficaria lisonje
*Ponto de vista de Alícia*Ja faz alguns anos que cheguei nessa ilha, aqui eu finalmente tive paz, encontrei meu propósito em cuidar de agentes que se aposentam. A espionagem é na maioria das vezes muito eficaz para manter a paz, no entanto o preço é alto para muitos agentes secretos que, quando tem sua identidade revelada, não podem simplesmente continuar a vida como uma pessoa normal, então, a fundadora da nossa agência, Catarina, pensou em um lugar onde essas pessoas tivessem a chance de recomeçar: nossa ilha.Logo que eu soube desse lugar, me enchi de curiosidade, eu estava cursando psicologia e meu trabalho de conclusão de curso foi sobre stress pós traumático, o que acomete grande parte dos agentes que acabam indo para a ilha, pensei que eles precisariam de algum acompanhamento, pensei que para mim também seria um recomeço ja que estava perdidamente apaixonada desde a adolescência por um homem que agora era casado e provavelmente nem se lembrava da minha existência.Só que o que