Minhas bochechas queimam de vergonha. “Para de fazer perguntas idiotas, Sophia!”. Rafael está com um short desses “estilo jogador de futebol” e observo discretamente o volume natural que ele tem no meio das pernas e logo desvio o olhar, me sentindo culpada por fazer isso.- Não é isso … - digo sem graça.Ele sorri para mim. O observo um pouco mais, até sentado ele é bonito. Essa cadeira dele aguentaria duas pessoas? “Sophia para com isso!”, digo a mim mesma.- Eu prefiro que ela seja menor que uma cama de casal mesmo, assim tenho minha namorada mais perto de… - ele rapidamente para de falar se dando conta do que está dizendo.Sinto meu estômago doer em imaginar isso e faço uma cara de desgosto. Ele segura uma das minhas mãos, entrelaçando nossos dedos.- Você é bem expressiva… Consigo ver pela sua cara que não gostou - ele me observa um pouco mais e novamente dá um tapinha na cama.Me sento. Seu colchão é do tipo denso, do jeitinho que eu gosto. Apesar do quarto dele ser aconchegante,
Ele ligou uma vez e a ligação caiu na caixa postal, ligou outra vez e nada, ligou de novo e mais uma vez nada. É a primeira vez que o vejo ficar tão aflito, Rafael não para de andar de um lado a outro e até eu começo a ficar ansiosa. - Talvez ela esteja dormindo… - falei tentando acalmá-lo. Obviamente eu não acredito no que falei, mas entre ver ele dessa maneira ou ver ele bem, prefiro ficar com a última opção. Dói em meu coração ver ele assim. Ele me olha, saindo do seu pequeno transe. - Dormindo antes das 22? - me pergunta duvidando do que eu digo. - É… talvez ela estava exausta… sei lá! - nunca pensei que estaria defendendo a namorada dele - Enfim, acho que vou para casa. Sinto que ele está nervoso demais, talvez queira ficar sozinho. Me levanto e termino de fechar minha mochila, no fim, nem estudamos. “Eu preciso realmente de um tutor particular!” suspiro ansiosa. - Espera… - ele se aproxima novamente - Me faz um favor? Seus olhos pareciam meio perdidos em pensamentos.
Olho para ele incrédula. “Ele realmente está me perguntando isso?”. É obvio que eu gostaria de dar meu primeiro beijo, mas não faria isso com ele estando chateado com a namorada, porque eu tenho certeza que ele vai se arrepender mais tarde e vou me sentir péssima pensando que me aproveitei da situação. Para tudo tem limites.- Não! - respondo me sentindo incomoda novamente. Ele se vira de lado e fica de frente para mim, sua é expressão é de confusão total. - Pensei que aceitaria… - Rafael se concentra em mim, me observando, estudando meu comportamento.- Como posso aceitar algo assim quando eu sei que você se arrependeria no outro dia? - também fico de lado e me viro para ele.Sua mão toca meu rosto de forma gentil. Porém, eu não penso em ceder, não por mim, mas por ele. Que tipo de pessoa eu seria se eu fizesse algo que claramente vai deixá-lo mal depois só para que eu me sinta bem agora? Uma tremenda oportunista. - Eu não vou me arrepender… - seus olhos buscam conforto, mas um co
- Filha… - disse minha mãe assim que me vê chegando na cozinha - Seu irmão ainda está dormindo?Por sorte eu consegui voltar para nossa casa antes de mim ou do Rafael cair em um sono profundo, mas quando voltei não tinha nem sinal do Pedro aqui e nem sei se ele voltou ou não para casa.- Não faço ideia, mãe - respondo com voz sonolenta e abrindo a boca em um enorme bocejo.Ainda me sinto cansada, mas a gente se divertiu muito vendo o filme, apesar de não ser o meu estilo favorito. Mais uma coisa que aprendi sobre Rafael, ele adora filmes de terror e suspense. Muito provavelmente ele deva encontrar a Anna hoje e resolver suas questões pendentes. Entretanto, me sinto orgulhosa de mim mesma por resistir. Caminho para sentar na mesa com ela e seu marido, mas ela rapidamente me diz:- Você poderia ir chamá-lo? - e então deposita sua xícara na mesa.Fico alguns segundos parada até que meu cérebro resolve voltar a funcionar. Teria sido legal se ela tivesse dito um “por favor”, mas tudo bem.
E, mais uma vez, nossas línguas brincavam uma com a outra. Se moviam em um ritmo calmo e curioso, sem se importar com nada. Eu o beijo com intensidade, mas sem aquele arrepio na espinha ou o calor ardente que me provoca Rafael com um simples toque. Com Pedro é diferente, é bom, mas não extraordinário. Eu apenas deixo meu corpo reagir a ele como qualquer garota da minha idade faria ao ser beijada por um garoto bonito… e solteiro. Para mim, o melhor de tudo, é não ter minha própria mente me julgando o tempo todo por querer alguém que não posso ter. Eu o beijo, sem peso, sem culpa, apenas me deixando levar pela sensação, outra vez.Por fim, nos afastamos um pouco, respirando com dificuldade e tentando se recompor.- Desce você primeiro, eu preciso esperar um pouco… - Pedro me aponta o volume em seu short, me deixando corada. Apenas aceno em concordância e me retiro do seu quarto. Não quero ficar pensando em tudo que aconteceu, mas, sinceramente, não me arrependo de nada. Eu não gosto de
Pedro solta uma risada debochada, seus olhos fixos em mim.- E o que eu iria fazer nessa sua cidadezinha? Andar a cavalo?- questiona com arrogância.Solto um suspiro pesado e reviro meus olhos, cruzando meus braços diante do meu corpo ao ver tamanho atrevimento.- Então pronto… Você vai à sua casa de campo e eu vou visitar o meu pai. - digo firme e direta - Pode sair, por favor. Ele me encara por alguns segundos fazendo cara feia, abre a boca para dizer alguma coisa, mas não diz nada. Apenas balança a cabeça com impaciência e sai fechando a porta. Me deixando em paz. Para ser sincera, estou animada em ver meu pai e meus amigos, mas também tenho medo de sentir que eles continuam indiferentes comigo. Respiro fundo, esse tipo de insegurança deixarei para o meu eu do futuro resolver. Tranco a porta.Começo a tirar minhas roupas, querendo logo me livrar da sensação pegajosa da bebida em minha pele, porém, escuto uma batida repentina.- Está ocupado! - “Tantos banheiros nessa casa e o povo
- Eu realmente sentia falta de ter uma mãe - confesso, um pouco envergonhada. Me sinto um pouco triste por achar, de algum modo, que dizer isso em voz alta é sinal de fraqueza.Pedro fica em silêncio, com seus olhos fixos no teto. Porém, o silêncio não dura muito, em voz baixa, ele murmura para mim:- Eu também sinto muita falta da minha…Estranhamente, eu consegui sentir a tristeza dele daqui.- Eu nem me lembro dela direito, na verdade. Quando ela morreu, eu tinha só seis anos…Eu espero ele dizer mais alguma coisa, mas ele se cala novamente.- Ela morreu de quê? - pergunto, sem pensar muito, talvez sendo até mesmo indelicada.- Câncer de mama. - responde, não parecendo ter se importado com a pergunta, mas igualmente triste - Sei que você acha que eu deveria ser grato a sua mãe e tudo mais… Já que ela cuidou de mim por oito anos…- Mas…- Mas não é bem assim. - ele suspira e se vira para mim - Posso te contar o que eu realmente penso? Mesmo que pareça um pouco ofensivo para você?-
- Você tem alguma coisa para me falar? - me pergunta Rafael, depois que nosso professor mais carrancudo sai da sala de aula, fechando a porta com força.- Que essa aula foi insuportável? - brinco, erguendo uma sobrancelha com um sorriso meio forçado. Sei exatamente aonde ele quer chegar. Por que o Pedro tem que ficar falando dessas coisas justo para ele? “Pedro, boca de caçapa”, insulto-o em minha mente.Seus olhos me encaram com certa impaciência, as sobrancelhas levemente franzidas e escuto seus pés batendo contra o chão insistentemente.- Sobre seu fim de semana… - sua voz sai baixa, quase falhando. Em seus olhos noto um pouco de mágoa. Está claro que ele sabe.Passei a primeira aula inteira evitando olhar para ele, mas agora o encaro de verdade. O ar parece mais denso entre nós, é incomodo. Eu gosto dele. Sei que gosto. Mas gostar de alguém que não pretende me escolher, é dolorido. Suspiro.- O que você quer saber? Seja direto… - digo de forma ríspida, como se eu quisesse afastá-l