Cap.108
O escritório ainda guardava o eco de vozes abafadas e o perfume amadeirado de Lúcios, pesado no ar como se quisesse retê-la ali.
Ângela permaneceu por alguns instantes, olhando para a porta fechada, sentindo o peso de tudo que ainda não havia dito.
Respirou fundo e se ergueu, encarando Lúcios.
— Eu preciso ir, tenho que ajudar Mike a observar Kellen. Não sabemos como ela está realmente.
— Não se preocupe com nada, apenas vá...
Ela se retirou do escritório, e cada passo que dava parecia ecoar com a estranha mistura de alívio e inquietação que lhe queimava por dentro.
Mal havia chegado ao final do corredor quando uma voz grave e bem-humorada a chamou:
— Ângela.
Ela se virou e encontrou Valerios encostado na parede, braços cruzados e aquele meio sorriso que, em outros dias, poderia até parecer despreocupado.
Hoje, no entanto, havia algo a mais em seu olhar — uma atenção afiada, como se estivesse prestes a repreendê-la. E ela sabia bem o motivo.
— Agora não... sério mesmo?
— Ângel